A startup alemã Tomorrow.Bio está quebrando barreiras com uma proposta futurista que mistura ciência avançada e a promessa de uma possível segunda chance para a vida. Co-fundada pelo engenheiro brasileiro Fernando Azevedo Pinheiro, a empresa oferece um serviço revolucionário: a criopreservação de corpos humanos por R$ 1,2 milhão, com a esperança de que, em um futuro distante, a ciência consiga reviver as pessoas.
Esta prática é uma tentativa de preservar os corpos enquanto a tecnologia avança, na expectativa de que as doenças ou causas da morte possam ser curadas.

O procedimento começa quando um médico confirma que o paciente está prestes a falecer. A partir desse momento, uma ambulância equipada é enviada ao local para iniciar a criopreservação, que envolve o resfriamento rápido do corpo até temperaturas extremamente baixas com nitrogênio líquido, a -196ºC. Antes de iniciar esse processo, um fluido crioprotetor substitui a água das células, prevenindo o dano causado pela formação de cristais de gelo. O corpo é resfriado a -125ºC e, em um processo que leva dez dias, atinge os -196ºC, momento em que é armazenado em um contêiner na Suíça, onde é mantido em um ambiente isolado, cheio de nitrogênio líquido, garantindo que a preservação possa durar indefinidamente, desde que o nitrogênio seja reabastecido periodicamente.
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Embora ainda não tenha ocorrido a “ressurreição” de ninguém, a Tomorrow.Bio já congelou “três ou quatro pessoas” e até cinco animais de estimação. Atualmente, cerca de 700 pessoas aguardam para entrar no processo, e o número tende a crescer com a expansão da operação da empresa para os Estados Unidos. Os fundadores da empresa acreditam que, com os avanços da medicina e da tecnologia, o processo pode se tornar viável no futuro, permitindo que a “pausa biológica” dos pacientes seja revertida, fazendo com que eles voltem à vida.
No entanto, a criopreservação enfrenta críticas. Especialistas, como o neurocientista Clive Coen da Universidade King’s College, afirmam que a ideia de reviver seres humanos é cientificamente infundada. Para ele, a decomposição celular que ocorre após a morte representa um obstáculo impossível de superar, já que, ao aquecer o corpo novamente, a decomposição retornaria. Embora a criogenia não seja ainda uma solução prática para ressuscitar pessoas, ela é vista como uma tecnologia promissora para a preservação de órgãos para transplante, como demonstrado nos experimentos recentes com roedores. Em 2023, pesquisadores da Universidade de Minnesota conseguiram armazenar rins de ratos por até 100 dias, restaurando sua função após o reaquecimento.
Além de preservar corpos humanos, a Tomorrow.Bio tem planos ousados para o futuro. Em até um ano, a empresa visa preservar a “identidade e personalidade” de uma pessoa, incluindo a memória e a estrutura neural, permitindo que a pessoa seja “recongelada” de forma mais completa, incluindo seu intelecto e experiência de vida. Para muitos dos seus clientes, esse processo é visto como uma maneira de “prolongar a vida”, com algumas pessoas esperando que a criopreservação possa ser uma solução para viagens espaciais ou, até mesmo, para superar o medo da morte.
Embora o futuro da criopreservação humana ainda seja incerto, a Tomorrow.Bio continua a atrair interesse, e suas inovações podem representar um dos maiores saltos tecnológicos na medicina, caso os desafios científicos possam ser superados.
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