O América-RJ, sob a presidência do lendário ex-jogador Romário, trouxe uma regra inusitada e que remete aos tempos clássicos do futebol: a proibição do uso de chuteiras coloridas. A medida, aplicada inicialmente ao time sub-20 na Copa São Paulo de Futebol Júnior, se estendeu ao elenco principal. A exigência é clara: todos os calçados devem ser pretos. Caso contrário, a multa é pesada – 20% do salário.
Resgatando Tradições
A decisão tem como base a visão de Romário, um dos maiores atacantes da história do futebol brasileiro, sobre a importância de resgatar o futebol raiz. Para ele, a padronização das chuteiras reflete disciplina e profissionalismo, além de evitar o “estrelismo” precoce entre os jovens atletas.
“É ordem do nosso presidente. Temos um líder que venceu tudo como jogador e que está mudando a história do clube. Quem obedece, colhe frutos”, declarou o roupeiro Mauro Barcelos, responsável por pintar as chuteiras coloridas do elenco.
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A missão de Mauro não é simples. Além de tingir os calçados, ele também precisa garantir que a regra seja cumprida, sob pena de ele mesmo ser descontado. “Se algum jogador insistir em usar outra cor, será multado. Até a comissão técnica usa tênis preto. É uma questão de disciplina”, reforça.
Disciplina em Jogo
O técnico Sérgio Trepte, que comanda o sub-20 na Copinha, apoia a iniciativa. Ele acredita que a padronização ajuda a reforçar o foco nos aspectos mais importantes do jogo, como o desempenho e a coletividade.
“Os garotos estão acostumados a copiar o que veem na televisão, mas muitas vezes esquecem o essencial. O futebol é uma profissão séria, e precisamos valorizá-la diariamente. A chuteira preta traz um simbolismo de humildade e compromisso com o time”, afirmou o treinador.
A medida também trouxe resultados práticos. O América-RJ conquistou a classificação na Copinha sob o lema de Romário. Para muitos, o sucesso reflete a mentalidade mais séria e disciplinada que o “Baixinho” busca implementar no clube.
Polêmica e Debate
Embora a decisão tenha defensores, há quem veja a medida como ultrapassada. No futebol moderno, chuteiras coloridas são mais do que uma questão estética: elas refletem a personalidade do atleta e, em muitos casos, são parte de contratos de patrocínio.
Especialistas apontam que, enquanto a padronização pode fortalecer a coletividade e evitar individualismos, ela também pode desestimular a expressão pessoal dos jogadores. Afinal, o futebol contemporâneo celebra tanto a criatividade dentro de campo quanto as escolhas fora dele.
Futebol Raiz ou Moderno?
A proibição de chuteiras coloridas no América-RJ reacende um debate interessante sobre as tradições e a evolução do esporte. Para Romário, a simplicidade do futebol de antigamente é um valor a ser preservado. No entanto, para muitos jogadores e torcedores, o esporte precisa se adaptar às novas gerações, sem perder sua essência.
Seja como for, a iniciativa de Romário já trouxe um impacto significativo, tanto no desempenho da equipe quanto na repercussão da medida. A pergunta que fica é: até que ponto o resgate do futebol raiz pode conviver com as demandas do futebol moderno?
Enquanto o debate segue, uma coisa é certa: no América-RJ, as chuteiras pretas vieram para ficar – pelo menos enquanto Romário estiver no comando.
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