A paixão pelo futebol vai muito além das quatro linhas. Em um cenário muitas vezes marcado pela intolerância, iniciativas que promovem o respeito e a inclusão ganham ainda mais valor. É nesse espírito que a LGBT Tricolor, torcida do Esporte Clube Bahia voltada para a comunidade LGBTQIA+, acaba de alcançar um marco histórico: foi eleita a quarta maior torcida LGBT do mundo, segundo levantamento do Coletivo de Torcidas Canarinho LGBT.
De acordo com o ranking, a LGBT Tricolor conta com 15.400 integrantes, ficando atrás apenas da Gay Gooners (Arsenal – Inglaterra), Porco Íris (Palmeiras – Brasil) e da torcida LGBT do Liverpool. O feito é motivo de orgulho, mas também de reflexão sobre o caminho que vem sendo trilhado dentro e fora dos estádios.
“Somos a primeira do mundo”, diz fundador da torcida
Apesar da posição honrosa no ranking, o fundador da torcida LGBT do Bahia, Onã Rudá, acredita que o primeiro lugar deveria ser da LGBTricolor. E ele tem bons motivos para isso.
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Em conversa com o jornal Correio, Onã explicou que, quando se trata de integração com o clube, nenhuma outra torcida LGBT no planeta se aproxima da atuação que eles realizam:
“É claro que acho interessante esse destaque. Mas não sei qual foi o critério usado. Em termos de interação com o clube, estamos muito à frente. Participamos de tudo: dos jogos, das ações sociais, das campanhas de conscientização. E sem sermos uma torcida organizada tradicional. Isso é único”, explicou.
Além disso, a torcida conquistou algo simbólico e histórico: uma camisa oficial com as cores do arco-íris, vendida nas lojas oficiais do Bahia — um reconhecimento institucional raro, que demonstra o quanto o clube abraça a diversidade.
LGBTricolor: muito mais que uma torcida
Criada em 2019, a LGBT Tricolor nasceu com um propósito claro: ocupar os espaços do futebol com orgulho, respeito e representatividade. Com o apoio do clube e de torcidas tradicionais como a Bamor, a LGBTricolor rapidamente ganhou força e passou a marcar presença constante na Arena Fonte Nova e em debates importantes sobre inclusão nos esportes.
Seu trabalho vai muito além de cantar e vibrar na arquibancada. A torcida atua em campanhas educativas, participa de fóruns sobre diversidade no futebol e promove ações de acolhimento para torcedores LGBTQIA+ que ainda enfrentam preconceito dentro dos estádios.
Confira o ranking completo das maiores torcidas LGBT do mundo
O levantamento, realizado pelo Coletivo de Torcidas Canarinho LGBT, listou as dez torcidas LGBTQIA+ mais numerosas do planeta. Veja a seguir:
- Gay Gooners (Arsenal – Inglaterra): 28.700 torcedores
- Porco Íris (Palmeiras – Brasil): 20.000 torcedores
- Chelsea Pride (Chelsea – Inglaterra): 19.300 torcedores
- LGBT Tricolor (Bahia – Brasil): 15.400 torcedores
- Pride Lily Whites (Tottenham – Inglaterra): 13.300 torcedores
- Vasco LGBTQ (Vasco – Brasil): 12.300 torcedores
- Raimbow Devils (Manchester United – Inglaterra): 9.200 torcedores
- As Marias de Minas (Cruzeiro – Brasil): 8.700 torcedores
- Kop Outs (Liverpool – Inglaterra): 8.500 torcedores
- Furacão LGBTQ (Atlético-PR – Brasil): 8.400 torcedores
Bahia, um exemplo de acolhimento e respeito
O reconhecimento da LGBT Tricolor como uma das maiores do mundo reafirma o Esporte Clube Bahia como um dos clubes mais progressistas e engajados do país. Em um momento em que o futebol ainda precisa evoluir muito no que diz respeito ao combate à homofobia, essa torcida mostra que é possível torcer, vibrar e se orgulhar de quem se é.
Mais do que números, a posição da LGBT Tricolor no ranking é um lembrete de que a luta por igualdade continua. E, enquanto isso, nas arquibancadas da Fonte Nova, uma voz ecoa mais alto a cada jogo: a de um futebol que acolhe, respeita e representa todos.
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