O Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afrobrasileiras (Idafro) protocolou, nesta quinta-feira (30), uma petição no Ministério Público da Bahia (MP-BA) solicitando que a prefeitura de Salvador e o Governo do Estado da Bahia impeçam a contratação da cantora Claudia Leitte para o Carnaval de Salvador. A solicitação ocorre em meio a uma polêmica envolvendo a troca de uma palavra na canção “Caranguejo”, que gerou acusações de intolerância religiosa contra a artista.
Entenda a polêmica
A controvérsia começou quando Claudia Leitte, durante um show em Salvador, alterou a letra da música “Caranguejo”, substituindo “Yemanjá”, entidade das religiões de matriz africana, por “Yeshua”, termo em hebraico que faz referência a Jesus. O ato gerou críticas e resultou em dois processos contra a cantora.
O primeiro processo, de caráter criminal, trata de uma acusação de racismo e intolerância religiosa e está em tramitação no Ministério Público. O segundo, movido pelos compositores da canção, é relacionado a direitos autorais, sob a alegação de que a artista modificou indevidamente a letra da música.
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O que diz a petição do Idafro?
No documento enviado ao MP-BA, o Idafro argumenta que as apresentações de Claudia Leitte podem ser interpretadas como uma forma de promoção da intolerância religiosa, já que a mudança na letra da música desconsidera a importância de símbolos da cultura afrobrasileira.
A petição é endereçada à promotora Livia Santana e Sant’Anna Vaz, da Promotoria de Justiça Especializada no Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa. O instituto também cita o Decreto nº 10.932, de 10 de janeiro de 2022, que promulgou a Convenção Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância.
De acordo com o texto da convenção, os Estados têm a obrigação de prevenir, eliminar, proibir e punir qualquer ato de racismo e intolerância, incluindo o apoio ou financiamento público a eventos que possam promover discriminação. Com base nesse princípio, a entidade alega que a Constituição proíbe a contratação de artistas que, de alguma forma, promovam intolerância religiosa.
A defesa de Claudia Leitte
Diante das acusações, Claudia Leitte se manifestou, ressaltando que respeita todas as religiões e que sua escolha pessoal de não mencionar “Yemanjá” nos shows não tem o objetivo de desrespeitar crenças alheias. A cantora afirmou ainda que considera o racismo um tema sério e que deve ser discutido com responsabilidade.
A polêmica continua repercutindo nas redes sociais e gerando debates sobre os limites da liberdade artística, a valorização das tradições afrobrasileiras e a presença da religiosidade em manifestações culturais. Agora, cabe ao Ministério Público analisar a petição e decidir se a solicitação do Idafro será acatada.
O que pode acontecer a seguir?
Caso a petição seja aceita, a prefeitura de Salvador e o Governo da Bahia podem ser impedidos de contratar Claudia Leitte para apresentações oficiais durante o Carnaval. No entanto, a artista ainda poderia se apresentar em eventos privados.
A situação segue em análise, e novos desdobramentos devem surgir nos próximos dias. A discussão levanta questões importantes sobre diversidade cultural, respeito às crenças religiosas e liberdade artística no Brasil.
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