Em uma operação que surpreendeu até os investigadores mais experientes, a Polícia Civil prendeu nesta terça-feira (17) os advogados Hércules Praça Barroso e Fernanda Morales Teixeira Barroso, suspeitos de serem os mandantes do assassinato brutal de dois antigos clientes: o casal de empresários José Eduardo Ometto Pavan, de 69 anos, e Rosana Ferrari, de 61. O crime aconteceu em abril deste ano, na cidade de São Pedro (SP), e agora, as autoridades acreditam ter desvendado um esquema criminoso com motivações financeiras.
Relação de confiança virou alvo de investigação
O vínculo entre os advogados e as vítimas vinha de uma longa relação profissional. Por mais de uma década, José Eduardo e Rosana confiaram à dupla a gestão de questões jurídicas nas áreas cível, trabalhista, tributária e imobiliária. O escritório de advocacia do casal Barroso atua desde 2007 em São Carlos (SP) e mantém registros regulares na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Inclusive, Fernanda chegou a ser sócia em uma empresa das vítimas.
Mas essa confiança, segundo as investigações, foi explorada de forma criminosa. De acordo com o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) de Piracicaba, o casal de advogados teria falsificado documentos para enganar os empresários e se apropriar de cerca de R$ 12 milhões em imóveis, além de embolsar R$ 2,8 milhões com supostos custos judiciais.
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Esquema incluía ação judicial falsa e documentos forjados
A polícia afirma que o casal criou comprovantes de pagamento falsos e até uma ação judicial fictícia para simular cobranças e transferências de patrimônio. Após se apoderar dos bens das vítimas, os advogados teriam contratado dois homens para executar os assassinatos. Esses suspeitos também foram presos — um em São Carlos e outro na Praia Grande, no litoral paulista.
A ação policial, batizada de “Jogo Duplo”, incluiu buscas e apreensões, e mais informações devem ser reveladas em coletiva de imprensa ainda nesta terça-feira.
Assassinato chocou moradores da região
O crime foi descoberto no dia 6 de abril, quando o dono de um bar vizinho notou a caminhonete das vítimas abandonada em uma chácara. Ao se aproximar, viu o corpo de José Eduardo no banco do motorista, com as mãos amarradas. O corpo de Rosana foi encontrado na caçamba do veículo. A cena do crime chocou moradores de São Pedro e despertou atenção da polícia para a brutalidade e possível premeditação do caso.
Defesa nega envolvimento
O advogado do casal de acusados, Reginaldo Silveira, afirma que a denúncia é frágil e que irá provar a inocência dos clientes. Segundo ele, os bens recebidos eram pagamentos de honorários advocatícios feitos por meio de imóveis, o que justificaria a movimentação patrimonial.
Apesar da versão da defesa, os indícios reunidos pela polícia incluem falsidade ideológica, uso de documentos falsos, estelionato, ocultação de cadáver, associação criminosa e homicídio qualificado — o que pode levar a penas severas, caso a culpa dos acusados seja confirmada.
A cidade de São Carlos, onde o casal de advogados mantinha escritório e vínculos sociais, acompanha com apreensão os desdobramentos. As autoridades prometem aprofundar as investigações para descobrir se há outros envolvidos ou vítimas em potencial.
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