A prisão do blogueiro Ricardo Nolasco, conhecido por divulgar notícias regionais nas redes sociais e no próprio blog, expôs uma prática cada vez mais preocupante: o uso das mídias digitais como ferramenta de intimidação e chantagem. Com mais de 140 mil seguidores, Nolasco foi preso em flagrante na última sexta-feira (18), em Vitória da Conquista, por extorsão e difamação qualificada — crimes que envolvem não apenas danos morais, mas também sérias violações à legislação de proteção à infância.
De acordo com a Polícia Civil, a investigação teve início após a denúncia de uma mãe que procurou o Núcleo da Criança e do Adolescente (NCA) para relatar que o blogueiro estaria exigindo pagamento em dinheiro para remover dois vídeos em que o filho dela e um amigo apareciam. As imagens, cujos detalhes não foram divulgados, envolvem menores de idade — e por isso mesmo estão sob a proteção rigorosa do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que proíbe qualquer forma de exposição que possa constranger ou prejudicar crianças e adolescentes.
Segundo apuração feita pela reportagem, a tentativa de extorsão ocorreu após a publicação dos vídeos em redes sociais de grande alcance administradas por Nolasco. “A denúncia partiu da própria mãe da vítima. Diante da gravidade e da comprovação dos fatos, foi possível realizar a prisão em flagrante”, explicou um policial envolvido no caso.
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Embora a prisão tenha ocorrido em decorrência desse único episódio, não é a primeira vez que o nome de Ricardo Nolasco aparece em denúncias. Ele já foi citado em outros registros policiais envolvendo possíveis crimes patrimoniais e infrações contra menores, tanto em Vitória da Conquista quanto no município de Anagé, onde também atua como comunicador. Apesar disso, até então não havia mandados de prisão em aberto contra ele.
O caso reacende o debate sobre os limites éticos e legais da atuação de influenciadores e produtores de conteúdo local. Em tempos de redes sociais altamente acessadas, a linha entre informação de interesse público e exploração da imagem alheia — especialmente de crianças e adolescentes — precisa ser tratada com responsabilidade, sobretudo por quem se apresenta como fonte de notícias.
A Justiça agora deve avaliar se os elementos reunidos até o momento justificam a manutenção da prisão preventiva de Nolasco ou se ele responderá ao processo em liberdade. Enquanto isso, o caso serve de alerta para pais, responsáveis e consumidores de conteúdo: nem tudo que parece jornalismo nas redes está de acordo com a lei.
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