A empresa multinacional anunciou que irá encerrar, até o fim de 2025! A Gerdau – o setor de cilindros da unidade de Pindamonhangaba (SP), decisão que inicialmente ameaçava cerca de 400 empregos diretos. O anúncio provocou forte reação entre os trabalhadores e levou à deflagração de uma greve por tempo indeterminado na segunda-feira (15).
Dois dias depois, em assembleia realizada na terça-feira (16), um acordo foi firmado entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos, reduzindo pela metade o número de demissões e estabelecendo novos benefícios trabalhistas.
O que está em jogo
O setor de cilindros é especializado na fabricação de peças essenciais para laminadores de siderúrgicas. Apesar de sua relevância tecnológica, a Gerdau classificou a área como financeiramente inviável, alegando margens de lucro “inadequadas”. O sindicato, por outro lado, criticou a medida, chamando-a de “irresponsável”, sobretudo em meio à campanha salarial da categoria.
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Os pontos do acordo
A mobilização dos trabalhadores resultou em conquistas consideradas significativas pelo sindicato:
- Demissões: número de cortes reduzido de 400 para aproximadamente 200;
- Plano de Demissão Individual (PDI): com compensações financeiras adicionais;
- Reajuste salarial: 6,40% (5,05% para recomposição inflacionária imediata e 1,29% de aumento real a partir de janeiro);
- Vale-alimentação: aumento de R$ 337 para R$ 500, uma alta de 48%;
- Estabilidade: garantia de que não haverá demissões em massa até dezembro.
Segundo André Oliveira, presidente do sindicato, o resultado foi fruto da mobilização dos trabalhadores:
“Essa vitória foi construída coletivamente, com adesão total à greve. Vamos seguir pressionando para reduzir ainda mais as demissões e buscar alternativas de recolocação em outras fábricas.”
Impacto para a região
Mesmo com a redução das demissões, o fechamento do setor gera preocupação para a economia do Vale do Paraíba. A atividade de cilindros movimenta uma cadeia de fornecedores, incluindo empresas de manutenção e ferramental, e sua descontinuidade deve afetar dezenas de prestadores de serviço.
O cenário se agrava diante do contexto global do aço. Nos Estados Unidos, medidas protecionistas vêm elevando tarifas para fortalecer a indústria local, enquanto a entrada de produtos chineses a preços competitivos pressiona os fabricantes brasileiros.
O papel da unidade de Pindamonhangaba
Com cerca de 2 mil empregados, a fábrica é uma das maiores unidades da Gerdau no Brasil e produz aços especiais voltados sobretudo para o setor automotivo. Em 2017, foi ampliada com a criação da Gerdau Summit, parceria com empresas japonesas que passou a ser controlada integralmente pela companhia neste ano.
A reestruturação em Pindamonhangaba reflete os ajustes de competitividade da empresa em um mercado globalizado e coloca em evidência o desafio de conciliar a sustentabilidade financeira da operação com a preservação de empregos em uma região fortemente dependente da atividade siderúrgica.
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