A madrugada de domingo (13) foi marcada por mais um episódio brutal de violência em Salvador. O técnico de som Ernandes dos Santos Pereira Filho, de 25 anos, conhecido como “Nando Som”, foi assassinado a tiros após ser contratado para levar um paredão de som automotivo ao bairro do Arraial do Retiro, uma área considerada de risco por forças de segurança.
Segundo informações apuradas pela reportagem, Nando atuava profissionalmente com sons automotivos e mantinha perfis nas redes sociais para divulgar seu trabalho. Foi por meio dessa visibilidade que acabou contratado para participar do evento, sem saber que sua presença ali resultaria em tragédia. No local, ele teve o celular revistado por criminosos armados. Após essa abordagem, foi executado com diversos disparos no rosto — uma prática cruel comum em execuções promovidas por facções.
Uma fonte da segurança pública, que pediu para não ser identificada, confirmou que Nando não tinha envolvimento com o crime. “Era um trabalhador, foi contratado para tocar no paredão. Mas em áreas dominadas pelo tráfico, como o Arraial, qualquer desconfiança pode ser uma sentença de morte. Às vezes, basta uma foto, um contato no celular, algo que os criminosos julgam ‘estranho’. Foi isso que aconteceu”, relatou.
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A Polícia Militar informou que equipes da 23ª Companhia Independente foram acionadas após a denúncia de um corpo na Rua Direta do Arraial. No local, encontraram o técnico de som já sem vida, com marcas de disparos. Nenhum suspeito foi preso até o momento.
A Polícia Civil, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), assumiu a investigação. Técnicos do Departamento de Polícia Técnica (DPT) realizaram a perícia no local e recolheram o corpo. Diligências seguem em andamento para esclarecer as circunstâncias do crime e identificar os autores.
O caso reacende o alerta sobre o funcionamento dos chamados “tribunais do crime” em Salvador e em outras cidades da Bahia. Nessas áreas, dominadas por facções, moradores e visitantes estão sujeitos a normas impostas por grupos armados, e qualquer comportamento interpretado como ameaça ou desrespeito pode levar à execução sumária, sem direito à defesa.
A morte de Nando representa mais do que uma tragédia individual. É o retrato da insegurança que ameaça trabalhadores comuns em territórios onde o poder paralelo desafia o Estado.
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