O executivo brasileiro que brilhou como CEO e fez história nas paralimpíadas de inverno

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O executivo brasileiro que brilhou como CEO e fez história nas paralimpíadas de inverno

Esportes aquáticos sempre foram a paixão de André Cintra, morador de Santos que, aos 17 anos, perdeu uma perna em um acidente de moto. Na época, trabalhando como auxiliar administrativo em uma loja, Cintra teve que criar suas próprias próteses para continuar praticando esportes como esqui aquático, wakeboard e kitesurf.

No entanto, não foi no esporte que Cintra se destacou inicialmente; o mundo corporativo o chamou cedo. Aos 22 anos, ele assumiu a presidência da Amend Cosméticos, empresa de produtos de beleza fundada em 1994. “A companhia era da família e assumi como CEO após a morte do meu pai em 2002”, diz Cintra, que atualmente faz parte do conselho da empresa.

Sob a liderança de Cintra, a empresa cresceu significativamente, expandindo para novos mercados e categorias de produtos. Atualmente, possui cerca de 500 funcionários e mais de 30 mil pontos de venda, incluindo lojas especializadas, e-commerce e farmácias. “Nossa expectativa para este ano é crescer 12% em faturamento e alcançar novos países, além dos 15 onde já atuamos. Queremos fortalecer ainda mais a parte de exportação”, ele acrescenta.

Sem limites para o esporte


Mesmo com o desafio de gerir uma empresa, Cintra continuou a se desafiar no esporte, especialmente no mar. “Quando comecei a ter aulas de kitesurf, as pessoas nas escolas admiravam minha determinação, mas diziam que eu não conseguiria. Então, comprei um kitesurf e comecei a praticar.”

O kitesurf transformou a sua vida. “Depois de fazer travessias de longa distância, me interessei pelo snowboard em 2008, o que me levou ao esporte paralímpico.”

O caminho de Cintra para se tornar um atleta profissional foi pouco convencional. Ele não aprendeu o esporte na infância nem participou de campeonatos regionais, estaduais e nacionais – o convite veio diretamente do Comitê Paralímpico.

Em 2012, o Comitê de Neve do Brasil (CBDN), em parceria com o Comitê Paralímpico, convidou Cintra para um teste de snowboard. “Eles queriam saber se eu tinha potencial para um projeto visando a classificação de um atleta brasileiro após duas Olimpíadas, mas acabei conseguindo passar no mundial daquele ano aos 32 anos.”

Cintra conquistou uma medalha de bronze no Mundial de Aspen e competiu nas Olimpíadas de 2014 e 2018, alcançando o 10º lugar em ambos os eventos. “Para um brasileiro, foi um grande resultado, considerando que eu era um dos poucos atletas sem neve no quintal de casa.”

“Mountain office”: as lições do executivo da montanha:


Para treinar, Cintra passava meses fora do Brasil, trabalhando e treinando em montanhas dos EUA, Canadá, Chile ou Suíça – um regime que ele chamou de “mountain office”. “Durante os períodos em que precisava treinar snowboard em diferentes países, cuidava da empresa de forma online, mas foi um processo solitário.”

Como atleta e empresário, Cintra aprendeu lições valiosas que aplica em todas as áreas da sua vida. Trabalhando em países frios, ele percebeu a importância do planejamento para alcançar o sucesso. “Em países frios, se as pessoas não se planejarem, morrem de fome. Planejamento é uma questão cultural que falta muito aqui no Brasil.”

A vida de atleta trouxe resiliência como principal aprendizado. “Para chegar ao nível olímpico, um atleta precisa ser muito persistente, cair e se levantar inúmeras vezes. Passei por muitas situações como atleta que me fortaleceram, como quebrar a prótese na montanha, enfrentar frio, fome e extremos emocionais”, diz Cintra. “Aprendi a ter autocontrole, determinação e foco, qualidades que trouxe para o mundo empresarial, pois tanto o esporte quanto o corporativo exigem alta performance.”

Fonte: Exame

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