A mulher de 35 anos brutalmente agredida com mais de 60 socos dentro de um elevador em Natal (RN), por seu ex-namorado, o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, agora enfrenta um novo desafio: a reconstrução do rosto. A vítima sofreu múltiplas fraturas na face e no maxilar e precisará passar por uma cirurgia complexa chamada osteossíntese de fraturas da face, que tem como objetivo restaurar não só a aparência, mas também a funcionalidade da região atingida.
Segundo o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), onde o procedimento será realizado, a paciente passou por avaliação médica nesta quarta-feira (30) e deve ser internada já na quinta-feira (31). A data da cirurgia ainda será definida. O trauma envolveu a região zigomático-orbitária (maçã do rosto e cavidade ocular) e o côndilo mandibular, que faz parte da articulação da mandíbula, conforme apontado pelo Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, para onde ela foi levada logo após a agressão.
Agressão gravada por câmeras chocou o país
O crime ocorreu no último sábado (26) e foi registrado pelas câmeras de segurança do elevador de um condomínio de alto padrão. As imagens, que rapidamente se espalharam pelas redes sociais, mostram um ataque extremamente violento: Igor desfere mais de 60 socos contra a ex-companheira, encurralada em um canto, sem chance de defesa. Em poucos segundos, o rosto da vítima já aparece totalmente ensanguentado.
Participe do nosso grupo de notícias no WhatsApp: 👉 Quero Participar 🔔
De acordo com a delegada Victória Lisboa, responsável pelo caso, a motivação do crime foi ciúmes. O casal estava em uma confraternização na área comum do prédio quando Igor exigiu ver o celular da mulher. Mesmo após ela mostrar o aparelho e afirmar que não havia nada comprometedor, o agressor ficou irritado. Testemunhas disseram que ele chegou a arremessar o celular da vítima na piscina antes de seguirem para o apartamento.
A vizinha Iranilda Oliveira presenciou o início da discussão. Segundo ela, o comportamento violento de Igor começou ainda na área da piscina. “Ele estava alterado, pegou o celular dela e jogou na água. Ela se levantou, e ele foi atrás”, contou em entrevista à Inter TV Cabugi.
Segurança acionou a polícia ao ver as agressões pela câmera
Ao chegarem ao elevador, a mulher optou por permanecer dentro dele, ciente de que haveria câmeras de monitoramento. Foi graças a essa decisão que o crime foi registrado em vídeo — elemento crucial para a investigação. O segurança do prédio, ao assistir à cena em tempo real, agiu rapidamente e chamou a Polícia Militar. Igor foi contido no térreo por moradores e detido em flagrante.
Em seu depoimento, o agressor alegou ter tido um “surto claustrofóbico” e ainda tentou culpar a vítima, afirmando que ela teria rasgado sua camisa. No entanto, as imagens são claras e desmentem a versão apresentada. A Justiça converteu a prisão em flagrante em prisão preventiva, e Igor responderá por tentativa de feminicídio.
O crime reacende o debate sobre feminicídio e violência doméstica
O caso gerou comoção e voltou a colocar os holofotes sobre a violência contra a mulher no Brasil — um problema estrutural que ainda faz milhares de vítimas todos os anos. A brutalidade da agressão, a tentativa do agressor de distorcer os fatos e o trauma físico e emocional imposto à vítima escancaram a urgência de se reforçar políticas de combate ao feminicídio e fortalecer os canais de denúncia.
A vítima segue em recuperação e, segundo familiares e amigos, ainda está abalada emocionalmente. A esperança agora está na cirurgia, que representa não apenas a chance de reconstruir os ossos quebrados, mas também um passo fundamental para tentar recuperar a dignidade, a autoestima e a força emocional após o episódio de extrema violência.
Como denunciar casos de violência contra a mulher?
Se você ou alguém próximo estiver sofrendo qualquer tipo de violência — seja física, psicológica, moral, sexual ou patrimonial — não se cale. O canal 180 (Central de Atendimento à Mulher) funciona 24 horas por dia, oferecendo orientação e acolhimento. Em casos de emergência, ligue 190 e acione a Polícia Militar imediatamente.
Esse caso precisa servir como alerta. Nenhuma mulher deve passar por esse tipo de violência, e nenhum agressor pode sair impune. A responsabilização exemplar é o mínimo diante da dor e dos danos irreparáveis causados.
Compartilhe