O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou nesta quinta-feira (4) o programa Gás do Povo, uma iniciativa que pretende distribuir gratuitamente botijões de gás de cozinha de 13 kg para famílias de baixa renda em todo o país. A medida deve alcançar cerca de 15,5 milhões de domicílios cadastrados no CadÚnico com renda per capita de até meio salário mínimo.
A proposta surge como uma evolução do atual Auxílio Gás e já nasce com orçamento robusto: estão previstos R$ 5,1 bilhões para 2026, ano em que Lula deverá disputar a reeleição.
Como funcionará o programa
O Gás do Povo entrará em vigor em novembro e será implementado de forma gradual até março de 2026. As famílias beneficiadas terão acesso ao botijão por meio de um sistema de vouchers, disponíveis em quatro formatos:
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- Aplicativo exclusivo;
- Cartão próprio do programa;
- Vale impresso em agências lotéricas;
- Cartão do Bolsa Família.
Os vouchers só poderão ser usados em pontos de venda cadastrados pela Caixa Econômica Federal. O preço de referência do gás será atualizado regularmente, conforme o estado, mas sem incluir o valor do frete.
Veja também:
Quantidade de botijões por família
O benefício foi desenhado para se adaptar ao tamanho de cada família:
- Até 2 membros: direito a 3 botijões por ano;
- 3 membros: direito a 4 botijões por ano;
- 4 ou mais membros: direito a 6 botijões por ano.
Objetivos e impactos sociais
De acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), o programa busca combater a dependência de alternativas inseguras, como o uso de lenha e álcool no preparo de alimentos. Dados do IBGE de 2022 apontam que 12,7 milhões de domicílios ainda utilizam lenha para cozinhar, sendo 5 milhões em famílias de baixa renda que precisam alternar entre lenha e gás.
Durante o lançamento, Lula destacou o caráter social da medida:
“Quando fazemos um programa, estamos cumprindo um preceito constitucional: todos são iguais perante a lei. Todos têm direito ao alimento e precisam ter gás para cozinhar.”
Local do lançamento e contexto político
O anúncio aconteceu no Aglomerado Vila da Serra, a maior favela de Belo Horizonte, reduto eleitoral do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Ele fez questão de frisar que a iniciativa não compromete o equilíbrio fiscal do país:
“Quem não quer que os pobres sejam tratados com dignidade sempre usa o argumento de que isso vai impactar o orçamento. O governo do presidente Lula tem responsabilidade fiscal.”
Analistas, no entanto, ressaltam que programas sociais de grande impacto em ano eleitoral costumam gerar debate sobre o uso de recursos públicos.
Diferenças em relação ao Auxílio Gás
O Auxílio Gás, vigente atualmente, transfere dinheiro diretamente às famílias, que podem usar o valor como desejarem. Já o Gás do Povo entrega o benefício em forma de botijão, com vouchers que só podem ser trocados pelo produto.
Essa mudança tem como objetivo garantir que o recurso seja usado para a compra do gás de cozinha, considerado essencial para a segurança alimentar.
Previsão de alcance e orçamento
O Gás do Povo foi estruturado para chegar a 15,5 milhões de famílias em todo o país, quase três vezes mais do que o Auxílio Gás atual, que atende cerca de 5 milhões.
O valor dos vouchers será calculado de acordo com a média de preços em cada estado, garantindo acesso ao produto sem distorções regionais.
Considerações finais
O lançamento do Gás do Povo representa um reforço importante nas políticas de proteção social. Ao garantir o acesso ao botijão de gás, o governo busca reduzir desigualdades, melhorar a qualidade de vida das famílias vulneráveis e ampliar a segurança alimentar.
Especialistas reconhecem que há desafios logísticos e orçamentários, mas ressaltam que o programa responde a uma demanda urgente da população mais pobre e pode ter impacto direto no combate à insegurança energética no Brasil.
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