O Monte Rinjani, uma das principais atrações turísticas da ilha de Lombok, na Indonésia, acumula um histórico preocupante. Nos últimos cinco anos, o parque registrou pelo menos 180 acidentes e oito mortes, segundo dados oficiais do Escritório do Parque Nacional. A mais recente vítima foi a brasileira Juliana Marins, de 26 anos, natural de Niterói (RJ), que caiu de uma encosta íngreme no sábado (21/6) durante uma trilha e teve a morte confirmada nesta terça-feira (24/6).
Juliana fazia um mochilão pela Ásia e havia contratado uma empresa local para realizar a trilha do vulcão Rinjani, que possui mais de 3.700 metros de altitude. Ela integrava um grupo de turistas e, segundo informações da família, acabou se afastando dos demais ao alegar cansaço. Sozinha, teria escorregado por uma vala em um trecho perigoso da trilha.
Inicialmente, chegou a circular a informação de que Juliana havia sido socorrida com vida, mas a família negou a informação em comunicado. A jovem foi localizada apenas horas depois, em um ponto remoto de difícil acesso, com auxílio de drones usados por turistas que passavam pela trilha.
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Histórico de acidentes preocupa autoridades
O número de ocorrências no Monte Rinjani tem crescido significativamente. Em 2020 foram 21 registros. Esse número saltou para 60 apenas nos primeiros meses de 2024. Em termos de óbitos, os dados também preocupam: de 2020 a 2023 foram sete mortes, a maioria em situações de escorregões ou quedas durante trilhas. Juliana é o primeiro óbito registrado em 2025.
O local onde Juliana caiu apresenta características extremamente desafiadoras para o resgate. De acordo com o Parque Nacional, 48 pessoas foram mobilizadas na operação, que incluiu equipes especializadas em salvamento vertical. Ainda assim, as condições climáticas — como neblina densa e variações bruscas de temperatura — tornaram o trabalho lento e perigoso.
Operação de resgate foi marcada por dificuldades e críticas
Foram necessários quatro dias de buscas intensas. No último domingo, a família chegou a informar que os socorristas haviam avançado apenas 250 metros em um dia inteiro, e ainda restavam outros 350 metros até o ponto onde Juliana estava. A operação precisou ser interrompida diversas vezes devido à instabilidade do tempo.

A família da jovem criticou publicamente a condução da operação pelas autoridades indonésias. “Eles têm ciência das mudanças climáticas repentinas nesta época do ano e, mesmo assim, não agilizam o processo de resgate. Faltou planejamento, estrutura e competência”, afirmou um dos relatos publicados no perfil da campanha “Resgate Juliana Marins”, no Instagram.
O pai de Juliana, Manoel Marins Filho, viajou para Bali nesta terça-feira (24/6) para acompanhar os procedimentos após a confirmação da morte. A família recebeu apoio de brasileiros na Indonésia e segue cobrando providências para que a tragédia acenda um alerta sobre os riscos que envolvem atividades turísticas em ambientes extremos sem o devido preparo.
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