A maior goleada da história do Mundial de Clubes — um 10 a 0 aplicado pelo Bayern de Munique sobre o Auckland City — escancarou não apenas a diferença técnica entre as equipes, mas também o abismo social entre os jogadores. O goleiro Conor Tracey, titular do time da Nova Zelândia, é funcionário de um depósito de farmácia e precisou negociar folgas e fazer horas extras para disputar o torneio nos Estados Unidos.
“Vou ter que combinar férias com licença sem remuneração. Vou sofrer um pouco com o aluguel, contas e essas coisas, mas jogar contra Bayern, Benfica e Boca vale 100% a pena”, declarou em entrevista ao jornal Marca. Para ele, enfrentar grandes potências do futebol é um sonho que compensa o sacrifício.
Realidade distante do futebol milionário
Antes de embarcar para os Estados Unidos, Tracey precisou fazer um verdadeiro malabarismo financeiro e profissional. Em entrevista à ESPN, contou que desde o início foi honesto com os patrões: “Se vocês quiserem me contratar, eu adoraria estar aqui, mas já estou comprometido com o futebol.”
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A rotina, segundo ele, é puxada: trabalho durante o dia, treino à noite e chega em casa por volta das 21h30. Muitos dos companheiros ainda conciliam a jornada com estudos ou têm filhos pequenos, o que torna o dia a dia ainda mais exaustivo. O Auckland City, embora participe de campeonatos internacionais, é formado quase totalmente por atletas amadores, que mantêm outras profissões para sobreviver.
Paixão que move o time
No clube neozelandês, a estrutura é simples. O foco da diretoria está em garantir os deslocamentos da equipe e investir em ações sociais promovidas pelos próprios jogadores. Não há salários astronômicos, contratos milionários nem fama fora do país. O que move o grupo é, acima de tudo, o amor pelo esporte.
Tracey afirma que essa é a realidade de 99,9% dos jogadores de futebol no mundo: “Nós não vemos o sol, porque estamos o dia todo no trabalho, depois vamos treinar e voltamos tarde. Para quem tem família, é muito difícil”, relatou.
Um contraste que chama atenção
O episódio da goleada do Bayern sobre o Auckland não se resume a um placar humilhante. Ele traz à tona a realidade pouco visível do futebol fora do eixo profissional, onde milhares de atletas precisam lutar diariamente entre o sonho de jogar e a necessidade de pagar as contas no fim do mês.
Enquanto alguns vivem do futebol, outros vivem pelo futebol — mesmo que isso custe noites mal dormidas, contas atrasadas e sacrifícios pessoais.
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