A tradicional rede americana Joann, referência em artigos de artesanato, tecidos e costura, encerrou oficialmente sua trajetória após mais de 80 anos de atividade. Em fevereiro de 2025, a companhia confirmou o fechamento de todas as suas quase 800 lojas distribuídas por 49 estados, colocando fim a uma história que marcou gerações de consumidores apaixonados pelo DIY (faça você mesmo) e pelo universo da costura.
Uma marca que atravessou décadas
Fundada ainda na década de 1940 sob o nome Jo-Ann Fabrics, a empresa se consolidou como um dos principais destinos para quem buscava tecidos, aviamentos e materiais de artesanato. Seu público fiel incluía tanto costureiras profissionais quanto famílias que viam no artesanato uma forma de lazer criativo.
O período da pandemia chegou a trazer um respiro: com as pessoas em casa, as vendas dispararam, impulsionadas pela procura por atividades manuais. No entanto, o crescimento não se sustentou. Com a reabertura da economia, a Joann voltou a enfrentar dificuldades.
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Concorrência e mudanças de consumo
Nos últimos anos, a empresa perdeu espaço para concorrentes diretos como Hobby Lobby e Michaels, que conseguiram se adaptar mais rapidamente às mudanças do mercado. Além disso, o avanço das plataformas digitais e marketplaces acelerou a migração do consumo para o ambiente online, cenário no qual a Joann não conseguiu se posicionar de forma competitiva.
Para o analista de mercado Neil Saunders, ouvido pela rádio pública americana NPR, o maior desafio foi a incapacidade da Joann de se reinventar diante da transformação digital e da alteração dos hábitos de consumo: “As pessoas buscavam conveniência e preço no comércio eletrônico, enquanto a Joann permaneceu dependente de um modelo de loja física cada vez mais pressionado.”
O caminho até a falência definitiva
A crise financeira da Joann não surgiu de repente. A sede, localizada em Hudson, Ohio, já havia protocolado um pedido de falência há mais de um ano, tentando reorganizar suas dívidas sem interromper totalmente as operações. A estratégia, no entanto, mostrou-se insuficiente.
Com dívidas crescentes e queda constante nas vendas, a empresa entrou em um segundo processo de falência em janeiro de 2025, desta vez sem retorno possível. O então CEO interino, Michael Prendergast, afirmou em comunicado que a venda da companhia e o encerramento das atividades eram o “melhor caminho” para proteger credores e investidores.
Fechamento em escala nacional
O processo de liquidação já estava em andamento antes do anúncio oficial. Até abril, cerca de 255 lojas haviam encerrado as atividades. As demais, aproximadamente 535 unidades, devem fechar definitivamente até o fim de maio.
As liquidações ocorrem exclusivamente nas lojas físicas. O site oficial da Joann deixou de operar como e-commerce e passou a funcionar apenas como um canal de informações sobre promoções e endereços ainda ativos.
O impacto de uma despedida
O fim da Joann representa mais do que o desaparecimento de uma rede varejista. Para muitos consumidores, a marca simbolizava um espaço de criatividade e comunidade. Em várias cidades, especialmente no interior dos Estados Unidos, a loja era um ponto de encontro de costureiras, artesãos e amantes do faça você mesmo.
Com sua saída definitiva, o mercado de artesanato e tecidos perde um nome tradicional, mas abre espaço para novos modelos de negócio, mais conectados ao ambiente digital e às tendências de consumo que se consolidaram nos últimos anos.
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