Garçom do Outback é demitido após dizer que colega deveria trabalhar mais por ser preta

Um garçom da rede Outback Steakhouse, em Salvador, foi demitido por justa causa após fazer comentários de cunho racista contra uma colega de trabalho. O episódio ocorreu em janeiro de 2022, mas veio à tona nesta segunda-feira (21), após decisão do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT-BA), que manteve a penalidade aplicada pela empresa.

De acordo com o processo, o funcionário teria feito uma observação racista ao comentar sobre o horário de saída dos colegas. Quando uma funcionária negra afirmou que frequentemente saía mais tarde por ser responsável pelo fechamento da unidade, o garçom respondeu, com xingamentos, que ela deveria mesmo trabalhar mais por ser “preta”. A declaração foi feita diante de outros colegas de equipe.

A empresa tomou conhecimento do fato e, após uma reunião conduzida pela gerência com os envolvidos, afastou imediatamente o funcionário e iniciou o procedimento de desligamento por justa causa. O setor de Recursos Humanos informou os motivos da demissão, solicitou que o trabalhador assinasse o documento de dispensa — o que foi recusado por ele. Duas testemunhas assinaram o termo em seu lugar, formalizando o desligamento.

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Inconformado, o garçom recorreu à Justiça do Trabalho alegando que a fala foi apenas uma “brincadeira sem intenção ofensiva” e afirmou ter familiares negros, o que, segundo ele, comprovaria ausência de racismo. No processo, foi anexado um áudio em que o próprio funcionário pede desculpas à colega e solicita que ela declare ao RH que “não se importou” com a fala.

Para o juiz da 26ª Vara do Trabalho de Salvador, o conteúdo do áudio e os depoimentos de testemunhas confirmam a gravidade da conduta. A sentença destaca que a empresa agiu de forma correta ao demitir o trabalhador, respeitando o devido processo interno e o princípio da razoabilidade. A decisão foi posteriormente confirmada pela 4ª Turma do TRT-BA.

A relatora do caso, desembargadora Eloína Machado, foi categórica: “Práticas racistas consistem em faltas gravíssimas, devendo ser firmemente censuradas e reprimidas”. Os desembargadores Agenor Calazans e Angélica Mello acompanharam o voto, consolidando a decisão de manter a demissão por justa causa.

O Outback foi procurado para comentar o caso, mas não se manifestou até o momento da publicação. O espaço segue aberto para eventual posicionamento da rede.

O caso reforça a crescente intolerância da sociedade e do Judiciário com atitudes discriminatórias no ambiente de trabalho. Além de afetar diretamente a dignidade da vítima, a prática de racismo fere princípios básicos de convivência e respeito, que devem ser preservados em qualquer ambiente profissional.

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