O caso do adolescente de 14 anos que matou o pai, a mãe e o irmão de apenas 3 anos em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, ganha novos contornos a cada dia. Em depoimento à polícia, o jovem surpreendeu os investigadores ao afirmar que “faria tudo de novo”. Segundo o delegado responsável, o garoto relatou os crimes com frieza, sem demonstrar qualquer sinal de arrependimento ou emoção.
De acordo com as investigações da 143ª Delegacia de Polícia, o adolescente dormia no quarto dos pais por causa do ar-condicionado. Antes de cometer os assassinatos, ingeriu um suplemento estimulante conhecido como “pré-treino” para se manter desperto. Em seguida, pegou a arma do pai, que estava escondida debaixo do colchão, e deu início aos disparos. Atirou primeiro na cabeça do pai, depois na mãe, e por fim, no pescoço do irmão mais novo.
O delegado Carlos Augusto Guimarães descreveu o comportamento do adolescente como alarmante. “Ele foi muito espontâneo ao relatar os fatos. É frio, sem remorso. Quando perguntado se se arrependia, disse que não e que faria tudo de novo. Há indícios de traços psicopáticos. Ele pode ter planejado tudo ou ser extremamente inteligente”, afirmou o delegado em entrevista.
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Apesar da confissão e da frieza com que narrou o ocorrido, até o momento não há evidências de que o adolescente tenha pesquisado previamente como cometer os assassinatos. Porém, a polícia encontrou em seu celular uma pesquisa com o termo “como receber FGTS de falecido”. De acordo com ele, essa busca foi feita após os homicídios, o que, na avaliação inicial dos investigadores, pode afastar a hipótese de premeditação financeira.
Outro aspecto que pode ter motivado o crime foi um conflito familiar envolvendo um namoro virtual. O jovem mantinha uma relação à distância com uma adolescente de 15 anos que mora em Mato Grosso. Os dois se conheceram por meio de jogos online quando ele tinha apenas 8 anos. A família era contra a viagem até o estado para que eles se encontrassem, e essa proibição pode ter desencadeado a tragédia.
Durante a perícia na residência, os agentes localizaram uma bolsa de viagem pronta com os celulares das vítimas dentro. Esse detalhe reforça a linha de investigação de que o adolescente pretendia fugir logo após o crime. A namorada foi ouvida na delegacia de Água Boa (MT), acompanhada pela mãe, mas, até agora, não há indícios de envolvimento direto dela nos fatos.
O Ministério Público recomendou a internação provisória do adolescente, medida que foi acatada pela Justiça. Ele foi levado ao Degase (Departamento Geral de Ações Socioeducativas), onde ficará sob custódia por 45 dias, enquanto o caso continua sendo investigado.
A tragédia choca não apenas pela violência, mas pelo perfil do autor, que aparenta total ausência de empatia ou arrependimento. O caso agora será analisado com o apoio de especialistas em saúde mental e de conselhos tutelares, que buscam entender se o adolescente apresenta distúrbios psicológicos graves ou se foi influenciado por outros fatores.
O episódio reacende debates sobre o acesso a armas dentro de casa, os riscos de relações virtuais precoces e a importância de acompanhar de perto o comportamento de adolescentes, especialmente diante de conflitos familiares e emocionais. A polícia segue apurando todos os detalhes para esclarecer completamente o caso.
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