A arritmia em questão envolve o funcionamento irregular dos átrios, as câmaras superiores do coração. Quando essa área passa a bater fora do ritmo normal, o sangue pode circular de maneira ineficiente, aumentando o risco de complicações graves, incluindo acidentes vasculares cerebrais. O problema costuma aparecer em pessoas que já têm outras questões cardíacas associadas.

Por isso, o consumo de café sempre foi tratado com cautela. A recomendação tradicional dos médicos era simples: evitar cafeína para reduzir a chance de crises.

Mas essa orientação pode estar prestes a mudar.

Novo estudo investiga o impacto real do café no ritmo cardíaco

Uma pesquisa conduzida por especialistas da Universidade de Adelaide, na Austrália, e da Universidade da Califórnia em São Francisco (UCSF), buscou esclarecer definitivamente essa dúvida. O estudo clínico avaliou 200 adultos diagnosticados com a arritmia, residentes nos Estados Unidos, Canadá e Austrália.

Os participantes foram acompanhados por seis meses. Metade deles consumia pelo menos uma xícara de café ou expresso diariamente. O outro grupo excluiu totalmente a cafeína da rotina. Ao longo do período, os pesquisadores monitoraram possíveis irregularidades no ritmo cardíaco e realizaram eletrocardiogramas sempre que surgiam sinais de crise.

Os resultados foram publicados no The Journal of the American Medical Association.

O que os pesquisadores descobriram surpreendeu os cardiologistas

Ao analisarem os dados, os cientistas observaram algo que contraria o senso comum: o grupo que consumia café apresentou menos episódios da arritmia do que o grupo que evitou a bebida.

Em outras palavras, o café não agravou o problema — e pode até ter exercido efeito protetor.

Segundo o pesquisador Christopher X. Wong, da Universidade de Adelaide, os achados desafiam décadas de orientações tradicionais. Ele afirmou ao portal New Atlas que, embora muitos médicos recomendassem cautela extrema, os resultados mostram que o consumo moderado da bebida não apenas é seguro como pode ajudar determinados pacientes.

O que esse estudo significa para quem convive com problemas cardíacos

A pesquisa ainda não muda diretrizes médicas, mas abre caminho para uma revisão importante. O café, consumido de forma moderada, pode deixar de ser um tabu para pacientes que antes precisavam evitá-lo a qualquer custo.

Especialistas ressaltam que esses resultados não incentivam o consumo indiscriminado da bebida, mas sugerem que cada caso pode ser avaliado individualmente. A ciência aponta que o impacto do café no coração é mais complexo e menos negativo do que se imaginava.