Na noite da quarta-feira, dia 14, moradores de Minas Gerais, Distrito Federal e oeste da Bahia ficaram surpresos ao ver uma intensa bola de luz cortando o céu. Muita gente correu para as redes sociais com vídeos e relatos do fenômeno.
Mas o que era aquilo?
Segundo Marcelo De Cicco, cientista planetário e coordenador do projeto EXOSS (uma iniciativa brasileira que estuda meteoros), o que vimos não foi um meteoro comum, mas sim lixo espacial — especificamente, um pedaço do foguete Falcon 9, lançado pela empresa americana SpaceX em 2014.
Esse foguete levou um satélite de comunicação para o espaço e, desde então, parte da estrutura dele ficou orbitando a Terra por mais de dez anos. Com o tempo, ele perdeu função e estabilidade. E quando um objeto assim reentra na atmosfera da Terra, ocorre um forte atrito com o ar, gerando calor intenso e aquele brilho característico, que a gente chama de bola de fogo.
Participe do nosso grupo de notícias no WhatsApp: Quero Participar
Por que isso aconteceu no Brasil?
Essa é uma dúvida comum. Afinal, o Brasil não tem um programa espacial tão ativo quanto Estados Unidos, Rússia ou China. Mesmo assim, somos frequentemente afetados por reentradas de lixo espacial.
E a explicação é científica: o Brasil está numa posição geográfica muito específica — bem perto da linha do Equador. Objetos que estão em órbitas chamadas de alta excentricidade costumam passar várias vezes por essa faixa do planeta. Quando perdem o controle, é comum caírem em países da chamada “faixa equatorial”, ou “sul global”, como dizem os pesquisadores. Isso inclui, além do Brasil, nações da África e da Ásia.
Ou seja, mesmo que esses foguetes sejam lançados por outras potências, os riscos da queda do lixo espacial são, muitas vezes, assumidos por países que nem participaram da operação.
E onde caiu exatamente?
Até o momento, não há confirmação oficial do ponto de impacto. Mas os especialistas acreditam que a queda ocorreu em uma área próxima à Bahia. A maior parte desse tipo de detrito se desintegra na atmosfera, mas algumas partes menores podem sim atingir o solo.
A boa notícia é que as chances de causar danos são pequenas — a Terra tem muito mais água e áreas desabitadas do que cidades. Ainda assim, é um alerta importante.
O que isso revela sobre o futuro do espaço?
A situação levanta um debate sério: o crescimento do lixo espacial. Com cada vez mais empresas e governos lançando satélites, foguetes e sondas, a quantidade de materiais descartados que ficam orbitando o planeta cresce rapidamente. E nem sempre esses objetos têm uma rota de reentrada segura planejada.
O que vimos no céu brasileiro é só uma amostra do que pode se tornar um problema maior nos próximos anos: a falta de regulamentação e controle internacional sobre o lixo espacial.
Compartilhe