Amazônia: O que está alimentando a crise de incêndios na maior floresta tropical do mundo?

Amazônia: O que está alimentando a crise de incêndios na maior floresta tropical do mundo?

Amazônia: O que está alimentando a crise de incêndios na maior floresta tropical do mundo?

Até 7 de julho, o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectou 14.250 focos de calor na Amazônia, o maior número em duas décadas para o primeiro semestre e um aumento de 60% em relação ao ano passado.

O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, explica que os focos de calor indicam risco, mas é necessário medir a área queimada para entender a magnitude do problema. “Às vezes, o mesmo incêndio gera para o satélite centenas de focos de calor”, diz Agostinho.

Alguns estados enfrentam alertas mais graves, com Roraima em situação crítica, registrando 33% dos focos de calor, o maior número desde o início da série histórica em 1998. Mato Grosso também teve recorde de vinte anos em focos de incêndio devido à seca severa e baixa umidade, acumulando material orgânico seco que facilita a combustão.

Amazônia: O que está alimentando a crise de incêndios na maior floresta tropical do mundo?

O governo do Mato Grosso investiu R$ 74 milhões em um plano de combate ao desmatamento ilegal e incêndios florestais, incluindo capacitação de brigadistas, monitoramento em tempo real e construção de açudes.

Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), explica que a seca prolongada e a antecipação da estação seca deixaram a vegetação altamente inflamável. “A região de Santarém [no Pará] também. E ali começa a secar geralmente em setembro, outubro”, observa Alencar.

O governo federal anunciou uma queda de 38% no desmatamento da Amazônia no primeiro semestre, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, manifestou esperança de alcançar o desmatamento zero até 2030.

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No entanto, o desmatamento continua sendo um fator crucial para o alastramento do fogo. “Quando alguém derruba uma floresta, na sequência põe fogo”, afirma Agostinho. Ele destaca que a maioria do desmatamento ocorre em terras públicas, dificultando a identificação e punição dos responsáveis.

O fenômeno El Niño, combinado com mudanças climáticas, contribuiu para a seca e os incêndios. Em 2023, o bioma amazônico perdeu uma área maior que Portugal para o fogo, com 10,7 milhões de hectares queimados, um aumento de 35% em relação a 2022. A seca histórica no ano passado e a onda de aquecimento global potencializaram os efeitos do El Niño, deixando a região vulnerável.

Afinal o que fazer?

O combate aos incêndios na Amazônia requer uma abordagem multifacetada e colaborativa. Primeiramente, é crucial aumentar a fiscalização e a proteção das áreas de preservação para prevenir atividades ilegais, como desmatamento e queimadas. Investir em tecnologias de monitoramento, como satélites e drones, pode ajudar a detectar e responder rapidamente a focos de incêndio. Além disso, é importante fortalecer a capacidade de resposta das brigadas de incêndio locais, oferecendo treinamento e equipamentos adequados.

A educação e conscientização das comunidades locais sobre práticas agrícolas sustentáveis e alternativas à queima de resíduos também desempenham um papel vital. Parcerias entre governos, ONGs e setor privado são essenciais para garantir recursos e apoio contínuo. Promover políticas de desenvolvimento sustentável e combater as causas subjacentes dos incêndios, como a expansão agrícola desordenada, são passos fundamentais para proteger a Amazônia e seus ecossistemas vitais.

Fonte: BBC

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