Água com fezes: Estudantes da UFBA relatam contaminação no campus

Uma denúncia grave envolvendo a Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no bairro da Federação, em Salvador, acendeu o alerta sobre a qualidade da água consumida por alunos, professores e funcionários. De acordo com relatos, a direção da unidade já tinha conhecimento da contaminação da água por coliformes fecais há pelo menos dois meses, mas só tomou medidas efetivas nesta semana.

A descoberta partiu de uma atividade acadêmica. Alunos da disciplina Qualidade da Água, orientados pela professora Gemima Santos Arcanjo, decidiram coletar amostras diretamente dos bebedouros do prédio como parte do conteúdo prático da aula. As amostras foram analisadas no Laboratório de Físico-Química de Análise de Água (Labdea), e os resultados não deixaram dúvidas: coliformes totais e Escherichia coli – bactéria associada a fezes humanas e animais – estavam presentes na água oferecida nos andares 4 e 7 do prédio.

Diante da gravidade, a professora solicitou imediatamente a interdição dos bebedouros contaminados. No entanto, o pedido não foi atendido com urgência, o que fez com que centenas de pessoas continuassem consumindo a água possivelmente imprópria por várias semanas. A interdição só ocorreu nesta semana, quando o tema ganhou repercussão.

A situação levanta uma série de questionamentos: Por que a resposta da direção demorou tanto? Que outras medidas foram adotadas para investigar a origem da contaminação? E, acima de tudo, quantas pessoas foram expostas ao risco de infecção por conta da demora?

A UFBA ainda não se pronunciou oficialmente sobre os resultados dos testes realizados pelos estudantes, nem sobre as providências futuras. Enquanto isso, a comunidade acadêmica segue cobrando respostas e transparência, além de garantir que episódios como esse não voltem a se repetir.

Esse caso escancara a importância de se manter a vigilância sobre aspectos básicos da infraestrutura universitária. Água potável e segura não é um luxo, é um direito. E garantir esse direito é o mínimo que se espera de uma instituição pública de ensino superior.