Marina Silva deixa audiência na CI após bate-boca com senadores

A participação da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, na Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado, nesta terça-feira (27), foi marcada por tensão, embates verbais e acusações graves. Após mais de três horas de discussões, Marina se retirou da audiência em protesto contra falas ofensivas de senadores, especialmente do parlamentar Plínio Valério (PSDB-AM).

Críticas e embates

Convidada para tratar da criação de unidades de conservação marinha na região Norte, a ministra enfrentou cobranças sobre a lentidão na concessão de licenças ambientais, com críticas que passaram do debate técnico ao confronto pessoal. O senador Plínio Valério, ao iniciar sua fala, afirmou: “a mulher merece respeito, a ministra não”. Marina exigiu um pedido de desculpas, que não foi feito. Em coletiva após sua saída da sessão, ela relembrou ainda que o mesmo senador já havia falado em “enforcá-la” em ocasiões anteriores.

— Eu fui convidada como ministra de Estado. Não posso aceitar esse tipo de desrespeito — declarou.

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Marina Silva deixa audiência na CI após bate-boca com senadores

Ambiente hostil

A ministra também se desentendeu com outros membros da comissão. Ao presidente da CI, senador Marcos Rogério (PL-RO), ela afirmou que não é “uma mulher submissa”, recebendo em resposta que deveria “se pôr no seu lugar”. Houve ainda embate com o senador Omar Aziz (PSD-AM), em torno da liberação da pavimentação da BR-319, que liga Manaus a Porto Velho.

O clima de hostilidade gerou reações entre os próprios senadores. Para Rogério Carvalho (PT-SE), o debate político deve ser firme, mas respeitoso:

— Divergências são parte da democracia, mas insultos pessoais não cabem no Parlamento.

Unidades de Conservação e licenciamento

Marina Silva esclareceu que a criação das novas unidades de conservação no Amapá não impede a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Segundo ela, os blocos de exploração estão fora das áreas protegidas e a proposta vem sendo debatida desde 2005 com populações locais e governos.

— Não há nenhuma criação de reserva que incida sobre blocos de petróleo. Estamos falando de um processo construído há quase 20 anos, com ampla participação social — explicou.

A ministra reforçou que o objetivo das unidades é garantir proteção ambiental e assegurar os modos de vida de comunidades tradicionais, como pescadores, ribeirinhos e indígenas, estimadas em 24 mil pessoas.

Licenciamento ambiental e exploração de petróleo

A pauta central da audiência girou em torno da exploração de petróleo na Margem Equatorial. Parlamentares como Lucas Barreto (PSD-AP) e Omar Aziz defenderam maior agilidade nos licenciamentos. Segundo eles, o desenvolvimento do Amapá e de outras regiões da Amazônia depende desses investimentos.

Marina respondeu que, entre 2023 e 2025, mais de 1.200 licenças ambientais foram concedidas, sendo mais da metade para projetos da Petrobras. Ela destacou ainda que o Ibama apenas cumpre critérios técnicos rigorosos e que o plano de proteção da fauna em caso de vazamentos foi recentemente aprovado.

— O centro de atendimento à fauna estava previsto para ficar a 800 km do local do empreendimento. Foi o Ibama que exigiu proximidade, e a Petrobras se adequou — disse.

Pavimentação da BR-319

Outro ponto de forte disputa foi a pavimentação da BR-319. Parlamentares acusaram o Ministério do Meio Ambiente de travar a obra. Marina rebateu afirmando que virou “bode expiatório” da situação e que, desde 2008, nenhum governo levou o projeto adiante.

Ela defendeu que qualquer grande obra precisa passar por avaliação ambiental estratégica, especialmente em regiões de alta vulnerabilidade ecológica, onde há avanço do desmatamento e da grilagem.

Desmatamento e dados ambientais

Questionada sobre os dados de redução do desmatamento, Marina Silva afirmou que o Brasil teve queda de 32% em 2023, sendo 46% na Amazônia. Ela apresentou números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do MapBiomas, reforçando que há 80 milhões de hectares degradados no país — áreas com potencial de recuperação para produção sustentável.

— Não precisamos expandir para áreas novas, mas sim restaurar as que já foram degradadas. É possível zerar o desmatamento com produtividade e ciência — concluiu a ministra.

Convocação em pauta

Diante do confronto, o presidente da comissão, Marcos Rogério, afirmou que será colocada em votação a possibilidade de convocar Marina Silva novamente, desta vez de forma obrigatória.

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