Você provavelmente já ouviu falar dos “bebês reborn” — aquelas bonecas extremamente realistas que imitam com detalhes impressionantes um bebê de verdade. O que começou como uma febre nas redes sociais, ganhou espaço nas ruas e, agora, está sendo discutido dentro do poder público.
A vereadora Sonaira Fernandes, do Partido Liberal (PL), apresentou um projeto de lei na Câmara Municipal de São Paulo para proibir qualquer tipo de atendimento médico a esses bonecos nas unidades de saúde da cidade, sejam públicas ou privadas. Segundo ela, tem crescido o número de casos em que pessoas procuram hospitais levando essas bonecas como se fossem crianças reais, exigindo triagem e até acompanhamento pediátrico.
Para quem acha que isso não acontece de verdade, a vereadora foi enfática ao relatar casos em que pessoas chegaram a simular partos ou buscar acompanhamento com pediatras para os bonecos. “As pessoas estão até simulando o parto dessas bonecas. Estão chegando a um nível de loucura que estão levando esses ‘bebês’ para acompanhamento de pediatra”, declarou Sonaira na tribuna.
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O que diz o projeto?
O projeto de lei propõe que qualquer hospital ou profissional de saúde que realize atendimento a um “bebê reborn” seja advertido formalmente. Em caso de reincidência, a multa pode chegar a R$ 10 mil. Além disso, se médicos ou profissionais de saúde forem identificados como responsáveis pelo atendimento, o caso deverá ser comunicado ao Conselho Regional de Medicina.
Na justificativa do texto, a parlamentar afirma que a prática representa um uso indevido dos serviços de saúde. Ela argumenta que isso pode afetar o bom funcionamento da rede e prejudicar quem realmente precisa de atendimento médico, especialmente em um sistema já sobrecarregado.
Mas afinal, o que são os bebês reborn?
Esses bonecos são produzidos de forma artesanal e podem custar caro. Justamente pelo realismo, muitas pessoas desenvolvem um vínculo emocional com o objeto — inclusive, algumas usam como forma de lidar com perdas, solidão ou questões emocionais mais profundas.
E aí entra uma outra camada do debate: para algumas pessoas, esse tipo de apego tem função terapêutica. Já para outras, o limite entre realidade e fantasia começa a se distorcer quando se exige que o sistema de saúde trate um boneco como um ser humano.
Outros projetos pelo país
Essa discussão não está restrita à cidade de São Paulo. Em Brasília, o deputado Zacarias Calil (União Brasil) apresentou uma proposta de lei para multar pessoas que tentarem obter atendimento médico ou prioridade em filas utilizando esses bonecos como se fossem bebês reais.
O tema está ganhando atenção em diferentes esferas, tanto pela curiosidade do público quanto pelas implicações práticas. Afinal, como o sistema de saúde — já sobrecarregado — deve lidar com demandas que não envolvem seres humanos, mas sim representações artificiais?
O que esse projeto pode mudar na prática?
Se for aprovado, o projeto de Sonaira Fernandes impedirá legalmente que hospitais e profissionais da saúde atendam bonecas reborn em São Paulo. Isso não apenas evita o uso indevido dos recursos públicos, como também envia uma mensagem sobre os limites entre uso pessoal e o espaço coletivo.
A proposta também levanta uma questão importante: onde termina o direito individual e onde começa o compromisso com o uso responsável dos serviços públicos?
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