Afinal, o lobo-terrível voltou mesmo da extinção? Entenda o que está acontecendo

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Nos últimos dias, um anúncio feito pela empresa de biotecnologia Colossal Biosciences gerou alvoroço nas redes sociais: a suposta “volta” do lobo-terrível, um dos maiores predadores da pré-história, extinto há mais de 12 mil anos. Segundo a startup, três filhotes nasceram com base em engenharia genética e receberam os nomes de Romulus, Remus e Khaleesi — referências à mitologia romana e à série Game of Thrones, onde a criatura ficou famosa.

A Colossal chegou a afirmar, em um comunicado, que essa seria a primeira vez que a ciência teria restaurado uma espécie extinta usando técnicas avançadas de desextinção. Mas será que essa história é mesmo real? Cientistas dizem que não é tão simples assim.

O que realmente foi feito?

De acordo com especialistas ouvidos por veículos como o Science Alert e o The New York Times, o que a Colossal criou não foi exatamente um lobo-terrível, mas sim um lobo cinzento modificado geneticamente, com algumas características do extinto predador.

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Lobo-terrível: espécie extinta há 12 mil anos é recriada por cientistas e chama atenção nas redes
Lobo-terrível: espécie extinta há 12 mil anos é recriada por cientistas e chama atenção nas redes

Jeremy Austin, diretor do Australian Centre for Ancient DNA, foi direto ao ponto: “Você tem um lobo branco e cinza. Isso não é um lobo-terrível sob nenhuma definição científica”. Para ele, a Colossal apenas criou um animal parecido visualmente com o lobo-terrível, sem recriar seu DNA completo ou suas funções ecológicas.

Por que é tão difícil trazer uma espécie extinta de volta?

A recriação de um animal extinto não depende apenas da aparência. Para que um ser vivo seja considerado uma “versão restaurada” de uma espécie desaparecida, ele precisa ter o mesmo comportamento, funções no ecossistema, genética e até mesmo interações sociais e alimentares semelhantes. No caso dos filhotes nascidos pela Colossal, eles não foram inseridos em um ambiente natural de lobos-terríveis, não seguem a dieta ancestral e não compartilham os microrganismos intestinais que os antigos predadores tinham.

Adam Boyko, geneticista da Universidade Cornell, explicou que os três filhotes carregam apenas cerca de 20 genes relacionados ao lobo-terrível, mas há milhares de outros genes que contribuíam para a identidade dessa espécie. “Não sabemos ao certo quantos genes fazem diferença. Pode ser 20, pode ser 2.000”, afirmou.

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E o que dizem os próprios cientistas da empresa?

Beth Shapiro, bióloga evolucionista da Colossal, defende uma visão mais flexível do conceito de espécie. Em entrevista, afirmou que “se um animal se parece com a espécie, age como ela e cumpre seu papel no ambiente, então pode ser considerado a mesma espécie”. No entanto, essa ideia tem sido criticada por vários pesquisadores, que dizem que isso é insuficiente como critério científico.

Qual o objetivo de tudo isso?

Apesar da polêmica, o trabalho da Colossal levanta questões importantes sobre o futuro da biotecnologia, da conservação ambiental e do uso de ferramentas genéticas para enfrentar a perda de biodiversidade. A empresa, que também trabalha em projetos para trazer de volta o mamute-lanoso e o dodô, quer mostrar que a ciência pode ir além de preservar o que ainda existe — pode até tentar restaurar o que se perdeu.

Mas a comunidade científica pede cautela. A criação de animais parecidos com espécies extintas pode gerar ilusões perigosas, principalmente se o objetivo for apenas o marketing. A desextinção, como ressaltam os especialistas, não é um espetáculo de laboratório — é um processo complexo que envolve ecologia, ética, genética e muita responsabilidade.

Conclusão

Por enquanto, não há um lobo-terrível de volta entre nós. O que existe são lobos modificados que se inspiram geneticamente nessa criatura do passado, mas que ainda estão longe de serem considerados verdadeiros representantes da espécie extinta. A ciência, mais uma vez, mostra que precisa de provas sólidas antes de confirmar avanços tão significativos.

A discussão está apenas começando — e levanta uma pergunta essencial: até que ponto devemos ir para “trazer de volta” o que a natureza já apagou?

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