O que parecia ser um momento de alegria em família acabou se tornando um dos memes mais famosos da internet – e, anos depois, uma grande fonte de arrependimento.
Em 2013, Chloe Clem tinha apenas dois anos quando sua mãe, Katie Clem, decidiu gravar e compartilhar um vídeo da reação das filhas ao descobrirem que iriam à Disneylândia. Mas ninguém esperava que a expressão cética de Chloe naquele instante se transformaria em um dos memes mais icônicos da internet: o “Side Eyeing Chloe” (“Chloe olhando de lado”).
O vídeo viralizou rapidamente, alcançando mais de 24 milhões de visualizações no YouTube, e a imagem da pequena Chloe passou a ser usada para expressar indiferença ou ceticismo. O sucesso inesperado trouxe várias oportunidades para a família, incluindo convites para viagens internacionais, contratos com marcas famosas, como o Google Pixel, e até a venda da imagem de Chloe como um NFT por impressionantes US$ 74.000. Além disso, a fama ajudou financeiramente, permitindo que a família pagasse contas, investisse na educação das filhas e garantisse um futuro mais confortável.
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Mas nem tudo foi positivo. Com o passar dos anos, Katie começou a questionar a exposição da filha na internet. Em entrevista à revista People, ela confessou sentir uma culpa profunda por ter compartilhado tanto da vida de Chloe e de sua irmã sem que elas tivessem idade para consentir. “Sinto uma culpa terrível”, desabafou. O arrependimento veio ao perceber os impactos que a fama involuntária poderia ter na vida das meninas, especialmente na privacidade e bem-estar delas.
O fenômeno vivido pela família de Chloe faz parte de uma tendência crescente chamada sharenting (junção de share – compartilhar – e parenting – parentalidade), onde pais compartilham detalhes da vida dos filhos nas redes sociais sem pensar nas consequências a longo prazo. Especialistas alertam que essa exposição excessiva pode trazer problemas psicológicos, afetar a privacidade das crianças e até facilitar riscos como roubo de identidade e cyberbullying.
Hoje, Chloe tem 14 anos e encara sua fama de forma tranquila. Apesar de ter uma conta no Instagram com mais de 600 mil seguidores, ela não se vê como uma celebridade e enxerga os vídeos antigos apenas como lembranças de sua infância. Mesmo assim, sua mãe agora adota uma postura muito mais cautelosa. Katie monitora de perto as redes sociais da filha e reforça que, acima de tudo, a prioridade agora é a privacidade e o bem-estar de Chloe.
Ao refletir sobre toda essa trajetória, Katie admite que sua visão sobre o que fez mudou bastante ao longo dos anos. Embora o dinheiro e as oportunidades tenham ajudado a família, ela não sabe se teria feito tudo de novo. O que fica claro é que a exposição online de crianças deve ser uma decisão muito bem pensada. Afinal, um simples vídeo pode até trazer fama e oportunidades, mas também pode deixar marcas difíceis de apagar.
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