A influenciadora digital e humorista Marianne Silva, mais conhecida nas redes sociais como “Diva do CRAS”, voltou aos holofotes nesta semana após publicar um vídeo satírico sobre o Bolsa Família. Na gravação, que rapidamente se espalhou pelas redes, ela afirma — em tom de brincadeira — ter sido excluída do programa depois de comprar um carro zero quilômetro e um iPhone 17, o modelo mais recente da Apple.
Conhecida por criar conteúdo humorístico inspirado no cotidiano de famílias de baixa renda e beneficiários de programas sociais, Marianne usou a ironia para abordar um tema sensível: o uso indevido de benefícios sociais e as críticas à ostentação de quem recebe ajuda do governo.
A encenação que virou debate nacional
No vídeo, a influenciadora aparece rindo e dizendo que foi “tirada do benefício” após adquirir um Jeep 0 km, avaliado entre R$ 120 mil e R$ 150 mil, e um iPhone 17, lançado recentemente com valor que pode ultrapassar R$ 11 mil no Brasil.
“Me denunciaram porque eu comprei um carro e um iPhone 17”, diz Marianne, com tom teatral, enquanto interpreta a personagem “Diva do CRAS”. Em seguida, completa com ironia:
“Tô triste, com o coração na mão. Como é que eu vou pagar o Jeep sem o meu Bolsa Família?”.
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Na continuação do vídeo, ela simula uma cena em que teria sido convocada para prestar esclarecimentos no CRAS e, para evitar maiores complicações, decide ‘assinar o desligamento’ voluntário do programa.
“Antes que aconteça o pior, eu vou assinar numa boa. Eles conversaram comigo e pediram pra eu sair imediatamente do Cadastro Único”, brinca a influenciadora, mencionando até a Receita Federal como o suposto motivo de sua saída.
Entre o humor e a crítica social
Apesar do tom cômico, o conteúdo de Marianne despertou debates intensos nas redes sociais. Muitos internautas viram a sátira como uma crítica bem-humorada à fiscalização dos benefícios e ao preconceito enfrentado por quem é atendido por programas sociais. Outros, porém, interpretaram a brincadeira como desrespeitosa diante da realidade de milhões de famílias que dependem do Bolsa Família para sobreviver.
Especialistas em comunicação digital destacam que a repercussão do vídeo reflete o poder da comédia social como ferramenta de provocação.
“Esse tipo de humor escancara tensões entre classes sociais e levanta questões sobre o controle e o uso dos recursos públicos. A ironia da ‘Diva do CRAS’ funciona justamente por brincar com o absurdo de uma situação improvável”, explica o sociólogo e pesquisador de cultura digital Pedro Rocha.
Histórico da influenciadora e relação com o Bolsa Família
Segundo levantamento do Correio com base no Portal da Transparência, Marianne Silva recebeu o Bolsa Família entre 2013 e 2021. A última parcela registrada foi de R$ 212, paga em outubro de 2021, durante o período mais crítico da pandemia de Covid-19.
Atualmente, seu nome não consta mais no Cadastro Único, o que confirma que ela não é beneficiária do programa desde então. A humorista, que hoje soma milhares de seguidores nas redes sociais, construiu sua popularidade justamente explorando personagens que retratam situações típicas de quem depende de políticas públicas, como idas ao CRAS, longas filas e as dificuldades do dia a dia.
Entenda as regras do Bolsa Família e por que o caso chamou atenção
O Bolsa Família é um dos principais programas de transferência de renda do país, voltado a famílias em situação de vulnerabilidade com renda mensal de até R$ 218 por pessoa. Para permanecer no programa, é necessário atualizar o Cadastro Único (CadÚnico) e comprovar a renda e a composição familiar.
Qualquer mudança significativa na renda — como a compra de bens de alto valor, emprego formal ou aumento de patrimônio — pode levar ao bloqueio ou exclusão do benefício.
A brincadeira de Marianne, portanto, dialoga diretamente com esse ponto: a ideia de uma beneficiária que, após “melhorar de vida”, ainda tenta manter o benefício. O contraste entre a figura da “diva” e o público de baixa renda cria um humor ácido, que expõe preconceitos e estereótipos sociais.
Repercussão nas redes
Após a publicação, o vídeo ultrapassou milhões de visualizações em poucas horas e gerou uma enxurrada de comentários. Parte do público se divertiu com a sátira, enquanto outros cobraram mais responsabilidade da influenciadora ao tratar de temas ligados à pobreza e à assistência social.
Marianne não se manifestou oficialmente sobre a polêmica, mas continuou publicando vídeos no mesmo formato, mantendo o tom crítico e humorístico.
Entre a piada e a reflexão
Casos como o da “Diva do CRAS” mostram como as redes sociais têm se tornado palco de discussões sobre políticas públicas e desigualdade. O humor, usado como ferramenta de crítica, ajuda a popularizar debates complexos e alcançar públicos que normalmente não acompanham discussões políticas ou sociais.
Por outro lado, especialistas alertam que o limite entre a ironia e a desinformação é tênue. Vídeos satíricos podem ser interpretados de forma literal, gerando confusão sobre fatos e regras dos programas governamentais.
Em meio à polêmica, o que fica evidente é que a figura da “Diva do CRAS” ultrapassou o humor: tornou-se símbolo de um debate mais amplo sobre assistência social, ascensão econômica e preconceito contra os pobres no Brasil contemporâneo.
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