O Esporte Clube Vitória vive um momento decisivo de sua história.
Enquanto avança no processo de transformação para o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), um grupo de torcedores, organizado no Movimento Vitória SAF (MVSAF), parte em busca de um sonho ambicioso: atrair o interesse do Qatar Sports Investments (QSI), fundo de investimento que administra o Paris Saint-Germain, da França.
A estratégia envolve uma articulação internacional. Uma comitiva será enviada nos próximos dias ao Catar com o objetivo de abrir diálogo direto com representantes do QSI e apresentar um projeto sólido que mostre o potencial do clube baiano. A missão será liderada por Marcone Amaral, ex-zagueiro do Vitória e hoje cidadão catariano, cuja trajetória como atleta no país asiático lhe confere legitimidade para atuar como elo entre o clube e os investidores.
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O que está em jogo nessa aproximação com o QSI
O QSI é conhecido por sua forte atuação no futebol internacional. Controlador do PSG, é um dos fundos mais influentes do mundo nesse mercado. Ainda não há proposta formal sobre a mesa, mas o MVSAF enxerga na visita ao Catar uma oportunidade histórica de iniciar um caminho que pode culminar em um investimento inédito no futebol brasileiro.
O foco da reunião não será apenas financeiro. Além de apresentar o Vitória como um clube atrativo e com grande torcida, o grupo levará informações detalhadas sobre o patrimônio, categorias de base, situação financeira, estrutura de governança e modelo jurídico proposto para a SAF. A ideia é demonstrar que o clube está se preparando de maneira profissional para receber investidores e crescer de forma sustentável.
Um dos principais nomes por trás dessa preparação é o advogado André Sica, especialista em direito esportivo, que participou do segundo workshop realizado pelo clube na última quinta-feira (5). Ele foi convidado pelo movimento para contribuir com análises técnicas e apontamentos sobre a estrutura jurídica da futura SAF. Sua presença nas conversas com os investidores, no entanto, depende de autorização da diretoria rubro-negra.
A importância da institucionalidade
Para dar legitimidade ao encontro, o MVSAF também busca envolver representantes oficiais do Vitória nas reuniões. Um dos que já sinalizaram interesse é Thiago Noronha, diretor da divisão de base, que pode integrar a comitiva como um porta-voz institucional. Essa movimentação reforça a intenção de unir a paixão da torcida à responsabilidade da gestão profissional.
A viagem já está confirmada, com passagens e hospedagens adquiridas. A expectativa é que o primeiro contato direto com o fundo catari seja decisivo para despertar o interesse em futuras negociações.
Workshop detalha estrutura da SAF e atrai investidores
Enquanto isso, o clube continua se estruturando para a transição. O segundo workshop sobre a criação da SAF reuniu dirigentes, conselheiros e sócios no Quality Hotel & Suites São Salvador. O evento foi conduzido por especialistas do escritório CSMV Advogados, que apresentaram o diagnóstico completo da situação do Vitória, incluindo dívidas, ativos, estatuto e potencial de mercado.
Segundo os advogados, o clube tem atratividade suficiente para despertar o interesse de investidores de grande porte. A proposta é garantir um modelo de SAF que respeite a realidade do Vitória, mas que também permita crescimento sustentável, com governança clara e autonomia para a gestão empresarial.
Mudanças no estatuto e divisão de responsabilidades
Uma das etapas mais delicadas do processo é a reformulação do estatuto do clube. A proposta é que os conselhos Fiscal e Deliberativo criem uma comissão especial para revisar o texto atual e adequá-lo às exigências de criação da SAF. Depois, o novo estatuto deverá ser votado em Assembleia Geral.
Outro ponto importante é a divisão dos ativos. O futebol profissional, com contratos de atletas, será totalmente transferido para a SAF. Já a parte associativa – como a sede administrativa, ações sociais e culturais – permanecerá sob controle da associação. Marcas, símbolos e hinos podem ser transferidos ou apenas licenciados, dependendo do que for mais vantajoso para o clube.
Projeto de modernização da Arena Barradão também avança
Durante o workshop, foi apresentado o projeto de reestruturação da Arena Barradão. Assinado pela SDPlan, responsável por grandes obras como as Arenas da Amazônia, das Dunas e de Cuiabá, e pela AR Foods, especialista em gestão de bares e alimentação esportiva, o plano prevê a criação de um complexo comercial com shopping, restaurantes e áreas de lazer.
A proposta será submetida ao Conselho Deliberativo em até 60 dias. A ideia é transformar o estádio em um centro multiuso, gerando novas receitas para o clube e aumentando o engajamento da torcida.
Conclusão: Vitória mira o futuro com planejamento e ousadia
A jornada do Vitória rumo à SAF é marcada por um planejamento cuidadoso e uma visão de longo prazo. Ao abrir diálogo com um fundo de renome internacional e discutir a fundo seu modelo jurídico e de governança, o clube demonstra maturidade e ambição.
Se o investimento do QSI se concretizar, o Vitória poderá ser o primeiro clube brasileiro a receber aporte direto do fundo catari, o que colocaria o Rubro-Negro em um novo patamar no cenário nacional. Mas, mesmo sem garantias, o simples fato de estar se preparando para isso já representa um avanço significativo.
O Vitória aposta na união entre profissionalismo e paixão para trilhar um novo caminho. E, neste momento, cada passo dado com responsabilidade pode significar um salto no futuro.
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