Tráfico estampado em cartão-postal da Barra assusta moradores e chama atenção por ousadia

Os moradores da Barra, em Salvador, não se surpreenderam ao ver a sigla do Terceiro Comando Puro (TCP) pichada nas balaustradas do famoso calçadão do Farol da Barra. Para quem vive ali, a presença do tráfico é uma realidade antiga. Mas o que chamou a atenção dessa vez foi a ousadia: estampar as iniciais de uma facção criminosa em um dos principais cartões-postais da cidade, por onde circulam milhares de turistas todos os dias.

Antes, essas marcas do crime organizado apareciam em locais mais escondidos, longe dos olhos de quem visita a cidade. “Sempre teve facção aqui, isso não é novidade. Mas essas pichações ficavam nas ruas internas, não no calçadão onde passa tanta gente”, contou um morador, que preferiu não ser identificado.

Dessa vez, no entanto, os criminosos resolveram deixar a assinatura em um local simbólico e movimentado. A ação foi rápida, mas teve repercussão. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que as pichações foram apagadas e que o Disque Denúncia está priorizando informações sobre o caso.

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O Bonde do Maluco (BDM), facção baiana já conhecida na região, teria se aliado ao TCP, que é a segunda maior facção do Rio de Janeiro. Essa união começou quando o grupo carioca chegou ao Recôncavo Baiano e depois avançou para bairros de Salvador, como Mussurunga e Vila Verde, para disputar território com o Comando Vermelho (CV). Apesar de ser pouco conhecido pela população local, o TCP começa a ganhar visibilidade, mesmo que de forma indesejada.

Uma moradora contou que já tinha visto as pichações diversas vezes, mas não sabia o que significavam as letras. “Eu caminho no calçadão e vejo essas marcas, mas não fazia ideia do que era. Aqui na Barra, a gente está exposto ao crime. Roubos acontecem direto e o tráfico não tem mais medo de ninguém”, desabafou.

Uma fonte policial confirmou que o grupo realmente está atuando na Barra, mas ponderou que o bairro ainda não vive situações de confronto armado como ocorre em outras áreas da cidade. “Essas pichações são comuns e sempre que apagamos, o tráfico faz de novo. Mas a Barra ainda está longe de ser uma área de conflito violento como outras regiões”, explicou.

Para Dudu Ribeiro, cofundador da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas, a presença de facções em bairros turísticos é reflexo da expansão da violência urbana, alimentada pela política de guerra às drogas. Segundo ele, esse cenário começa nas periferias, historicamente mais atingidas, e “respingam” nos bairros nobres. “As facções se organizam porque o próprio Estado adota uma lógica de guerra. Para mudar isso, é preciso repensar essa estratégia”, defende.

Enquanto a disputa por territórios entre facções se intensifica, a população continua refém da violência, seja nas periferias ou em locais de forte apelo turístico como a Barra. O crime se adapta e ocupa novos espaços, desafiando as autoridades e assustando quem vive ou visita a cidade.

A Polícia Militar e a Polícia Civil foram procuradas para se posicionar oficialmente sobre a situação, mas ainda não se pronunciaram.

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