A escalação de Belo, cantor amplamente conhecido no Brasil, para atuar em “Três Graças”, nova novela das nove escrita por Aguinaldo Silva, causou um verdadeiro burburinho dentro da emissora — e não é à toa.
Por que tanta revolta?
A questão central gira em torno do salário de Belo e do papel de destaque que ele vai ocupar na trama. Embora o artista tenha registro profissional de ator (o famoso DRT), ele não veio do teatro, nem passou anos subindo degraus na dramaturgia como muitos colegas de elenco. E isso incomoda.
De acordo com apurações nos bastidores, Belo vai receber um cachê alto, compatível com o de personagens principais da novela. O problema, segundo alguns atores da casa, é que ele não trilhou o mesmo caminho árduo da maioria dos profissionais da atuação, que enfrentam testes, recusas e salários menores por anos até alcançar papéis maiores.
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Uma fonte que preferiu não se identificar foi direta:
“É uma injustiça com profissionais que dedicaram anos à atuação”.
Da participação especial ao protagonismo
Inicialmente, Belo seria apenas uma participação especial. Mas nos testes, ele surpreendeu e conquistou um espaço ainda maior. O personagem Misael, que ele interpretará, passou a ser um dos eixos centrais da narrativa. Isso mesmo: de um papel pontual, Belo passou a ser um dos protagonistas, o que alimentou ainda mais o clima de insatisfação.
Na trama, Misael é um homem marcado pela dor: sua esposa morre após ingerir medicamentos adulterados. A partir daí, ele se transforma em alguém movido pelo desejo de justiça. Esse drama pessoal o colocará em rota de colisão com Ferretti, o vilão vivido por Murilo Benício — outro grande nome da dramaturgia brasileira.
O clima nos bastidores
Como em qualquer ambiente de trabalho, quando alguém “de fora” é promovido rapidamente, surgem desconfortos. E na televisão, onde tudo é muito visível e competitivo, isso se intensifica. O diretor Luiz Henrique Rios tem atuado como uma espécie de mediador, buscando equilibrar os ânimos e garantir que a produção siga no ritmo certo.
Vale lembrar que “Três Graças” está com estreia prevista ainda para este ano. Ou seja, a pressão está alta, os prazos estão corridos e o elenco precisa estar em sintonia para que o projeto funcione.
E o público, como deve encarar isso?
É sempre bom lembrar que o público é o juiz final. Se Belo entregar um bom trabalho e emocionar com sua atuação, pode ser que essa resistência interna perca força. Afinal, o sucesso de uma novela depende de muitas peças, e talento também pode vir de fora da bolha tradicional.
Agora, se o desempenho não agradar, a cobrança será ainda maior — tanto da crítica quanto de quem sente que foi “preterido” por alguém sem o mesmo histórico na dramaturgia.
O que está em jogo?
Mais do que uma questão salarial, o caso Belo expõe um debate sobre meritocracia, visibilidade e espaço na televisão brasileira. Atores veteranos sentem que estão sendo deixados de lado enquanto celebridades de outras áreas ocupam posições centrais. Por outro lado, a emissora aposta na popularidade e na capacidade de atrair audiência com nomes conhecidos do público.
Conclusão: essa situação vai além da novela. É um retrato de como o mercado artístico também sofre com tensões entre tradição e novidade, mérito e influência. A novela ainda nem estreou, mas já está dando o que falar — e nos bastidores, o drama está tão intenso quanto o que veremos na tela.
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