Um caso de agressão contra uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) dentro de uma escola pública chamou a atenção e gerou indignação. O episódio ocorreu em setembro de 2024, no Centro Educacional Meirelles Macedo, em Guaratiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, mas só veio a público em março de 2025, após a mãe do menino procurar a Justiça.
A vítima, um estudante de 11 anos, foi alvo de uma rasteira aplicada pelo professor de capoeira durante uma aula. A mãe do aluno, Joyce Siqueira, contou em entrevista ao programa Fantástico que o filho teve dificuldades para executar um exercício proposto, que envolvia o uso de uma bola. Como o objeto foi negado por duas colegas, ele acabou tentando pegá-lo com os pés. Nesse momento, o professor reagiu de forma violenta, derrubando a criança com uma rasteira.
As câmeras de segurança da sala registraram o momento da agressão. Além da rasteira, a mãe afirma que o filho também foi agarrado pelo pescoço e sofreu ameaças verbais. Mesmo após o episódio, a escola teria punido o garoto com dois dias de suspensão, alegando desrespeito ao professor.
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Joyce contou que sempre colaborou com a escola para lidar com os desafios do filho, que, por ser autista, apresenta comportamentos que exigem atenção especial. “Meu filho não é uma criança fácil, mas eu nunca passei a mão na cabeça dele. Sempre procurei dialogar e trabalhar junto com a escola. O que me surpreende é ver uma atitude violenta vinda de um adulto que deveria estar preparado para lidar com crianças e com a inclusão no ambiente escolar”, desabafou a mãe em uma carta enviada à direção da escola, que só marcou uma reunião cinco dias após o ocorrido.
Desde o episódio, a criança vem enfrentando dificuldades para voltar à escola, apresenta crises de ansiedade, batendo a cabeça contra a parede e demonstrando medo constante. Por isso, passou a receber aulas em casa.
A defesa do professor alegou que a ação foi uma tentativa de contenção e imobilização, mas a escola não aceitou a justificativa e decidiu demitir o funcionário. O caso agora está sendo acompanhado pela Justiça.
Este episódio reacende o debate sobre a importância da formação adequada de profissionais que lidam com alunos com deficiência, especialmente em ambientes escolares. O direito à inclusão não pode ser apenas uma norma no papel — ele exige preparo emocional, empatia e capacitação técnica por parte dos educadores. Também destaca a necessidade de as escolas garantirem ambientes seguros e respeitosos para todos os alunos, com protocolos claros para lidar com conflitos ou dificuldades comportamentais.
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