A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) abriu uma investigação para apurar a conduta do influenciador baiano e advogado criminalista João Neto, de 47 anos, após a divulgação de vídeos que mostram ele agredindo a companheira no apartamento onde moravam, em Maceió (AL). O caso gerou grande repercussão nacional, e João está preso preventivamente. Ele nega as acusações.
O vídeo das agressões, extraído das câmeras de segurança do condomínio, mostra cenas fortes. Em um dos registros, a vítima, de 25 anos, aparece sendo empurrada violentamente e jogada ao chão. Em outro, ela tenta se segurar nas paredes enquanto é arrastada para fora de casa. Há ainda imagens com manchas de sangue no chão do corredor. Mesmo com a tentativa da defesa de usar um vídeo para contrariar as acusações, a delegada responsável pelo caso, Ana Luiza Nogueira, afirma que as imagens apenas reforçam o depoimento da vítima e comprovam a violência sofrida.
Histórico de agressões
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A jovem contou em depoimento que deixou a cidade de Arapiraca, no interior de Alagoas, para viver com João Neto na capital. Eles estavam juntos há cerca de dois anos e, segundo ela, essa não foi a primeira vez que sofreu violência no relacionamento. Em outubro do ano passado, por exemplo, ela teria sido ferida na cabeça e precisou de atendimento médico.
Consequências na carreira
A OAB da Bahia e a de Alagoas estão atuando em conjunto na investigação. Embora não possa divulgar detalhes sobre o procedimento disciplinar em curso, por conta do sigilo legal, a Ordem confirmou que, caso as denúncias sejam comprovadas, João Neto poderá ser excluído dos quadros da advocacia por inidoneidade moral, como prevê a Súmula 09/2019 do Conselho Federal da OAB.
Em nota oficial, a instituição afirmou:
“A OAB Bahia e seu Tribunal de Ética reiteram o mais veemente repúdio a toda e qualquer forma de violência praticada contra mulheres. Quando tais condutas são atribuídas a advogados ou advogadas, podem ensejar a apuração de inidoneidade moral e, se confirmadas, a exclusão dos quadros da Ordem.”
Quem é João Neto?
João Neto se apresenta nas redes como mestre em Ciências Criminais e ex-policial militar. No entanto, a Polícia Militar da Bahia esclareceu que ele foi desligado do curso de formação de soldados há 15 anos, antes mesmo de atuar oficialmente como PM.
Ativo nas redes sociais, ele acumulava milhares de seguidores com vídeos sobre o universo jurídico — muitos com tom humorístico ou de paródia. Usava bordões como “no coco e no relógio” e se destacava por responder perguntas jurídicas em linguagem popular. Em um dos vídeos mais controversos, ele comemora a absolvição de um cliente, mesmo após o réu ter admitido o crime:
“A cara de felicidade do advogado ao ouvir o cliente dizer: ‘Fui eu, doutor’… e ainda assim conseguir convencer o próprio cliente — e a Justiça — de que não foi ele!”
Próximos passos
João Neto permanece preso preventivamente em Alagoas. A OAB segue apurando os fatos, com base em rigor ético e respaldo legal. Caso a exclusão da Ordem seja confirmada, ele perderá o direito de atuar como advogado em todo o território nacional.
A investigação segue em andamento, e o caso levanta novamente o debate sobre a responsabilidade de figuras públicas, sobretudo aquelas com funções jurídicas, diante de denúncias de violência de gênero.
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