O que levou homem a ficar 3 dias em uma árvore? Especialista aponta possíveis causas

O caso de Sérgio Rodrigo Guimarães Martins, de 29 anos, chamou atenção pela sua gravidade e pelo tempo em que o operário ficou isolado: foram cerca de dois meses desaparecido, sendo os últimos três dias passados no alto de uma árvore de aproximadamente 15 metros, na região do Aeroporto de Salvador.

A história teve desfecho na última segunda-feira (2), quando ele finalmente foi resgatado após uma longa operação dos bombeiros. Segundo familiares, o episódio pode ter sido desencadeado por um surto psicótico, resultado de uma discussão no ambiente de trabalho.

Entenda o que pode ter acontecido com Sérgio

Participe do nosso grupo de notícias no WhatsApp: Quero Participar

De acordo com a psicoterapeuta e neurocientista Ana Chaves, situações como essa não são incomuns em pessoas que enfrentam transtornos como esquizofrenia, transtorno bipolar, depressão grave, transtorno de personalidade borderline (TPB) ou que fazem uso abusivo de substâncias psicoativas.

“Antes de um surto, é possível perceber alterações no comportamento da pessoa, como isolamento, desconfiança excessiva, mudanças de humor e falas desconexas. Durante o surto, ela pode apresentar delírios, como acreditar que está sendo perseguida, ou ter alucinações, ou seja, ver ou ouvir coisas que não existem”, explica a especialista.

Fatores como estresse, genética e drogas podem estar por trás de um surto

Segundo a psicoterapeuta, há vários fatores que podem contribuir para um surto psicótico:

  • Predisposição genética, com histórico familiar de transtornos mentais;
  • Estresse extremo, como luto, separação, perdas financeiras ou conflitos graves;
  • Uso de drogas ou álcool em excesso, que podem desencadear ou intensificar sintomas.

Ainda de acordo com Ana Chaves, em alguns momentos, mesmo durante um surto, a pessoa pode parecer lúcida. Foi o que testemunharam os bombeiros e o deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante), que acompanhou o resgate e manteve diálogo com Sérgio. “Ele falava com clareza às vezes, conversava com a esposa por telefone, fazia perguntas e respondia com coerência, mas logo voltava a repetir que achava que iam matá-lo, que não tinha mais nada a perder”, contou o parlamentar.

O desaparecimento e o pedido de ajuda

Durante o período em que esteve sumido, a esposa de Sérgio relatou que ele chegou a fazer contato. Em um áudio enviado, o operário dizia estar com medo, acreditando que morreria de fome e sede. Ela contou ainda que, pouco antes do desaparecimento, ele havia se envolvido em uma briga no trabalho e demonstrava sinais de grande agitação emocional. “Ele disse que tudo era culpa dele, que o colega de trabalho estava o ameaçando”, relatou a companheira em entrevista à TV Record.

Como agir diante de um surto psicótico?

A psicoterapeuta Ana Chaves alerta que, em casos como esse, é essencial que as pessoas próximas evitem confrontar o indivíduo com a realidade. O mais indicado é manter um tom de voz calmo, demonstrar segurança e afastar objetos que possam representar riscos. E o mais importante: buscar ajuda especializada o quanto antes.

“O tratamento deve envolver acompanhamento com psicólogo e psiquiatra. Em alguns casos, o uso de medicamentos pode ser necessário, mas sempre com prescrição e supervisão médica. Além disso, é essencial afastar a pessoa de gatilhos como álcool e drogas, que podem agravar o quadro”, pontua a especialista.

Rede de apoio e prevenção são fundamentais

Para prevenir episódios de descompensação como o que aconteceu com Sérgio, Chaves reforça a importância de uma rede de apoio forte, composta por familiares, amigos, colegas de trabalho e instituições que promovam acolhimento. “A saúde mental precisa ser tratada com seriedade. Acolhimento, autocuidado, atividades físicas, apoio espiritual (quando fizer sentido para a pessoa) e, principalmente, acesso a tratamento adequado são os principais caminhos para a estabilidade emocional”, conclui.

O que diz a família?

A família de Sérgio agora se concentra na recuperação dele. Após o resgate, ele foi levado a uma unidade de saúde e permanece em acompanhamento. O caso traz à tona a necessidade de ampliar o debate sobre saúde mental, especialmente entre trabalhadores que enfrentam rotinas exaustivas e ambientes de pressão constante.

Compartilhe

📱 Participe do nosso grupo no WhatsApp e receba as notícias em tempo real:

Grupo do WhatsApp

📸 Não perca nenhuma atualização! Siga-nos no Instagram:

Coruja News no Instagram

© Todos os direito reservados ao Coruja News! Não é permitido cópia!