O Primeiro luto da covid: Wuhan e o mercado que nunca mais voltou a funcionar

Cinco anos após a primeira morte ligada ao vírus SARS-CoV-2, que desencadeou a pandemia de Covid-19, o marco passou despercebido na China, onde o tema segue como um tabu. Em 11 de janeiro de 2020, autoridades de Wuhan relataram a morte de um homem de 61 anos por uma pneumonia causada por um vírus até então desconhecido. Essa data marcou o início oficial de um evento global que transformaria radicalmente o mundo.

A pandemia já resultou em mais de 7 milhões de mortes confirmadas, segundo estimativas globais, impactando profundamente estilos de vida, economias e sistemas de saúde. Apesar da magnitude desse evento histórico, a imprensa estatal chinesa optou por silenciar sobre o tema, e as discussões públicas são desencorajadas. Após anos de rígidas restrições sanitárias, abandonadas abruptamente em 2022, a memória coletiva do sofrimento causado pela Covid-19 parece relegada a um passado distante.

Impacto local em Wuhan

Em Wuhan, o epicentro inicial da pandemia, o cenário atual é de lembranças sombrias. Antigos hospitais improvisados permanecem abandonados, e o mercado de frutos do mar, suposto local de origem do surto, nunca foi reaberto. Moradores relatam os desafios dos dias mais críticos: isolamento, medo e a perda de vidas inteiras de famílias inteiras. Tang, um taxista local, descreve os sons constantes de sirenes e a sensação sufocante de confinamento como memórias difíceis de apagar.

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A economia abalada

A pandemia deixou marcas econômicas profundas na região. Muitos negócios nunca se recuperaram, e trabalhadores locais enfrentam rendimentos drasticamente reduzidos. Um comerciante lamenta: “Antes, eu ganhava 1.000 yuans por dia, agora são apenas 400. Muitos estabelecimentos fecharam para sempre.”

A narrativa oficial e o esquecimento

Na internet chinesa, o aniversário do marco foi quase ignorado, com apenas menções isoladas e controladas. Mesmo em espaços como a conta do Dr. Li Wenliang, o médico que alertou sobre o vírus e se tornou símbolo de alerta precoce, os comentários são tímidos. “Dr. Li, mais um ano se passou”, escreveu um usuário, refletindo o silêncio predominante.

Enquanto outros países erguem memoriais e fomentam debates sobre a pandemia, a China não construiu monumentos ou estabeleceu espaços formais de reflexão. A amargura persiste entre aqueles que enfrentaram diretamente o impacto da Covid-19, mas o desejo coletivo parece ser o de seguir em frente, ainda que as questões sobre transparência e as origens do vírus permaneçam abertas.

Esse quinto aniversário é um lembrete de que, além das estatísticas, a pandemia é marcada por histórias humanas, perdas irreparáveis e desafios que ainda moldam o mundo.

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