Apesar de ter sido prometida para janeiro de 2023, a tão aguardada Nova Rodoviária de Salvador ainda não tem uma data confirmada para começar a operar. Quem trabalha na atual rodoviária vive cercado de dúvidas, já que a obra, segundo os últimos dados compartilhados pelos responsáveis, está com 84% dos serviços concluídos. A pavimentação, por exemplo, deveria estar pronta até maio deste ano.
Com base no ritmo atual da construção, surgiu nos bastidores uma nova possibilidade de inauguração para o início de julho. Mas, para quem depende diretamente da nova estrutura, como lojistas e permissionários, essa previsão é vista com desconfiança. Isso porque a obra já sofreu vários adiamentos. Só em 2023, duas datas diferentes foram divulgadas – nenhuma delas se concretizou.
O próprio governador Jerônimo Rodrigues já havia reconhecido, em julho do ano passado, que a obra não estava evoluindo como gostaria. Ele explicou que é necessário respeitar os trâmites legais, como a lei de licitações, e que a empresa responsável pelo serviço ainda estaria dentro do prazo contratual. Mesmo assim, afirmou que, caso os limites sejam ultrapassados, outras decisões podem ser tomadas.
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Depois dessa fala, o governador chegou a indicar que a entrega poderia acontecer no início de 2024, o que também não se cumpriu. Em sua última declaração sobre o tema, apontou que o prazo agora vai até o fim do primeiro semestre de 2025.
Enquanto a promessa não sai do papel, os comerciantes que esperam se mudar para a nova estrutura enfrentam dificuldades. Gustavo Vilar, lojista há duas décadas e dono do Café da Estação, relata frustração. Segundo ele, os anúncios mudam constantemente. Primeiro disseram que a inauguração seria em maio, depois passaram para junho, mas voltaram atrás por causa do São João. Agora, especula-se o dia 2 de julho, mas ele acredita que será inviável por conta do feriado e das chuvas de inverno.
Gustavo também chama atenção para outro problema: embora o interior da nova rodoviária pareça quase pronto, o entorno da obra ainda está longe da conclusão. Segundo ele, cerca de 80% dessa parte externa ainda precisa ser feita. Essa indefinição tem causado prejuízos. Muitos lojistas, como ele, já pegaram empréstimos para montar seus novos pontos de venda e estão se organizando para uma mudança que nunca acontece.
Uma outra comerciante, de 31 anos, que preferiu não se identificar, diz que já perdeu a esperança de ver a nova rodoviária funcionando em breve. Segundo ela, a estrutura atual está em más condições, e a expectativa por melhorias gera ansiedade entre os trabalhadores. “Prometem há quase um ano, mas não entregam. A gente já não sabe mais o que esperar”, desabafa.
A equipe de reportagem procurou a Agerba (Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia), responsável pela obra, para esclarecer o andamento da construção, mas não obteve resposta. Também foram contatadas a Seinfra (Secretaria de Infraestrutura) e a Sedur (Secretaria de Desenvolvimento Urbano), mas ambas afirmaram que o tema é de responsabilidade exclusiva da Agerba.
Diante disso, enquanto os dias passam, o cenário permanece o mesmo: incertezas para quem depende do funcionamento da nova rodoviária e uma espera que parece não ter fim.
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