Em abril de 2023, a vida de Kaci virou do avesso. Ela estava em uma minivan com seus três filhos quando o veículo foi atingido em alta velocidade por um caminhão. Dois dos filhos sobreviveram. Myles, o caçula, sofreu uma lesão cerebral severa e acabou não resistindo. Diante da tragédia, a mãe decidiu transformar a dor em um ato de generosidade: autorizou a doação dos órgãos do filho.
Com esse gesto, Myles salvou a vida de outras crianças, incluindo Saleh, que recebeu o coração saudável do menino.
Vínculo que ultrapassa a biologia
Desde o transplante, as famílias mantinham contato apenas por mensagens e ligações. Mas o casamento de Kaci proporcionou o encontro presencial. A cena tocou profundamente a todos, e principalmente à noiva. Em entrevista à revista People, ela descreveu a emoção do momento:
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“Foi o mais próximo que me senti do Myles desde o acidente. Ouvir o coração dele batendo novamente foi como ter um pedaço dele de volta por alguns minutos.”
A fotógrafa Brianna Hemphill, amiga de infância da noiva, foi quem registrou a cena. Segundo ela, o momento serviu como um lembrete poderoso sobre a fragilidade da vida — e também sobre o quanto ela pode ser significativa quando há compaixão.

Doar é perpetuar a vida
Além de ter dado novo significado ao casamento, o reencontro também reforçou a importância da doação de órgãos. Kaci contou que, mesmo devastada pela perda, entendeu que a escolha de doar faria sentido para o filho.
“Na hora, você só sente a dor, não entende por que aquilo está acontecendo com sua família. Mas depois pensei: é claro que ele iria querer salvar alguém. Ele sempre foi um menino gentil.”
Hoje, Kaci pretende manter o vínculo com Saleh e sua família. Ela também cuida de Kyler, de 6 anos, e Ryder, de 3. Segundo ela, Kyler chama Saleh de “irmão”, já que ele carrega o coração de Myles. “Isso torna o luto mais leve e saudável para todos nós”, afirma.
Doações de órgãos no Brasil e no mundo
No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, milhares de pessoas aguardam na fila por um transplante. A decisão de doar é sempre difícil, mas cada autorização pode salvar até oito vidas. Histórias como a de Kaci e Saleh mostram, na prática, como esse gesto pode transformar destinos — não só dos que recebem, mas também dos que ficam.
A vida, por mais breve que seja, pode continuar batendo no peito de outra pessoa. E esse legado é, sem dúvida, um dos mais belos que se pode deixar.
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