Mulher se veste de homem para matar travesti após furto em casa de prostituição

Três anos depois do brutal assassinato de uma travesti na cidade de Serra, no Espírito Santo, a Polícia Civil prendeu a principal suspeita: Luciana Coutinho da Costa, de 35 anos. A vítima, conhecida como Milena, foi morta a golpes de facão em setembro de 2022. Imagens de câmeras de segurança foram decisivas para esclarecer o crime e apontar Luciana como autora do homicídio.

De acordo com o delegado Rodrigo Sandi Mori, chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, a suspeita tentou despistar a investigação ao se disfarçar com roupas masculinas no dia do ataque. “Observamos detalhes como a forma de andar, a compleição física, o quadril largo e as pernas grossas. Intimamos testemunhas que frequentavam a região e, ao analisarem as imagens, todas reconheceram Luciana sem hesitar”, afirmou o delegado em entrevista ao site A Gazeta.

Um crime motivado por um furto em casa de programa

O caso teve início em um prostíbulo onde Luciana mantinha relacionamento com o proprietário. Segundo as investigações, a motivação para o crime teria sido o furto de um celular pertencente a um cliente. Milena, a vítima, teria pego o aparelho e tentado vendê-lo na rua. O episódio irritou Luciana, que temia que a confusão chamasse a atenção da polícia, afastasse clientes e colocasse em risco o negócio do companheiro.

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Na noite do crime, Luciana saiu de casa vestindo roupas pretas, uma blusa de frio com capuz e um boné. Prendeu o cabelo e levou um facão recém-comprado. Quando encontrou Milena, atacou-a com 13 golpes no tórax e nas costas. Mesmo gravemente ferida, a vítima ainda conseguiu correr alguns metros antes de cair. Foi então que recebeu mais quatro golpes fatais.

Após o ataque, Luciana tentou arrastar o corpo, mas acabou abandonando-o na rua. Câmeras de segurança próximas registraram toda a movimentação, o que permitiu aos investigadores reconstruir a dinâmica do crime.

Prisão e indiciamento

Com base nas provas reunidas — entre elas os vídeos e depoimentos de testemunhas —, a Polícia Civil pediu a prisão temporária de Luciana, que foi cumprida em 12 de setembro de 2025. Durante o interrogatório, ela negou envolvimento, mas acabou indiciada por homicídio qualificado, com agravantes de motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima.

O delegado Sandi Mori destacou que Luciana já tinha antecedentes criminais por furto e tráfico de drogas. “Trata-se de uma pessoa violenta, com histórico de desentendimentos e comportamento agressivo. O crime foi cometido com extrema frieza e brutalidade”, afirmou.

A prisão encerra uma investigação que se estendeu por três anos e mobilizou a equipe de homicídios da Serra. Para o delegado, a conclusão do caso representa “um passo importante na luta contra a impunidade e na defesa da dignidade das vítimas da comunidade LGBTQIA+”.

Contexto social e repercussão

O assassinato de Milena gerou comoção entre ativistas e entidades que defendem os direitos da população trans no Espírito Santo. Organizações de direitos humanos destacaram a importância da elucidação do caso, lembrando que a violência contra pessoas trans ainda é alarmante no Brasil, país que figura entre os que mais matam pessoas LGBTQIA+ no mundo.

Segundo dados do Dossiê Assassinatos e Violência Contra Travestis e Transexuais no Brasil, divulgado pela ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), mais de 100 pessoas trans são mortas por ano no país — muitas vezes com características de crimes de ódio.

Próximos passos

Após a prisão, Luciana foi encaminhada ao sistema prisional do Espírito Santo, onde deve aguardar julgamento. A polícia ainda investiga se outras pessoas participaram da ação ou ajudaram na fuga. O Ministério Público deve oferecer denúncia formal nas próximas semanas.

O caso de Milena se soma a outros episódios de violência de gênero e transfobia que desafiam o sistema de justiça brasileiro a garantir não apenas punição, mas também proteção efetiva a pessoas trans em situação de vulnerabilidade.

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