Uma assessora de investimentos de 37 anos foi presa preventivamente nesta segunda-feira (24/3), acusada de aplicar um golpe financeiro que deixou um prejuízo de R$ 3,8 milhões a pelo menos 11 vítimas. A maioria dos lesados é de Belo Horizonte, mas também há um registro de vítima em Salvador (BA). Entre os afetados, uma única pessoa perdeu R$ 1,7 milhão, acreditando estar fazendo um investimento seguro.
A prisão ocorreu após quase um ano de investigações conduzidas pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). Segundo os relatos das vítimas, a mulher atuava como uma profissional de confiança, oferecendo oportunidades de investimento com promessas de rentabilidade entre 5% e 20% ao mês. Em alguns casos, ela garantia até 100% do retorno, sugerindo que não haveria risco de perda.
No entanto, a realidade se revelou bem diferente. Em determinado momento, a assessora simplesmente parou de repassar os valores prometidos aos clientes, interrompeu a comunicação, excluiu suas redes sociais e fechou os dois escritórios que mantinha nos bairros Santa Efigênia e Gutierrez, em Belo Horizonte. Diante da situação, os investidores passaram a buscar explicações e denunciaram o caso à polícia.
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Investigação revela movimentação suspeita de R$ 12 milhões
A investigação policial revelou que a assessora já havia trabalhado em três grandes bancos antes de abrir seu próprio escritório. No entanto, entre os anos de 2022 e 2024, foi constatada uma movimentação suspeita em suas contas e nas de seus familiares, totalizando mais de R$ 12 milhões. Segundo o delegado Rafael Alexandre de Faria, do Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes (Deccof), havia diversas transferências vultosas, incluindo valores de até R$ 500 mil para sua mãe e sua irmã.
“Esses valores expressivos levantaram suspeitas sobre um possível esquema de lavagem de dinheiro. Se comprovado, os familiares também podem ser responsabilizados”, afirmou o delegado.
Na última quinta-feira (20), policiais realizaram uma busca na casa do pai da suspeita, onde ela dizia morar. No entanto, não foram encontrados pertences pessoais dela no local, indicando que já havia deixado a residência. A prisão só ocorreu quando ela se apresentou à delegacia para prestar esclarecimentos. Atualmente, a mulher está detida no Presídio Feminino de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Defesa alega prejuízos em operações de day trade
Durante seu depoimento, a suspeita afirmou que os prejuízos se deram devido a operações malsucedidas de day trade — um tipo de investimento de alto risco que consiste em comprar e vender ativos na bolsa de valores no mesmo dia. No entanto, de acordo com a polícia, essa explicação não condiz com os contratos firmados com os investidores.
“Os clientes assinavam contratos de investimento genéricos, sem especificação sobre operações de day trade. Além disso, o dinheiro das vítimas foi parar na conta dos familiares dela, e isso ainda precisa ser esclarecido”, detalhou o delegado Rafael Alexandre de Faria.
Possíveis novas vítimas e penas severas
A Justiça determinou o bloqueio de R$ 3,8 milhões das contas da suspeita e de seus familiares, além da quebra do sigilo bancário. O objetivo é tentar reembolsar os investidores que caíram no golpe.
A assessora de investimentos responderá por estelionato e lavagem de dinheiro. Se condenada por lavagem de dinheiro, poderá pegar até 10 anos de prisão. Já a pena para estelionato é de até cinco anos por vítima, o que, somado, pode ultrapassar 55 anos de reclusão.
As investigações continuam e a polícia pede que outras possíveis vítimas compareçam ao Departamento Estadual de Combate à Corrupção e a Fraudes para registrar novas denúncias.
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