Médico baiano preso em Israel vive momento de pânico e teme não voltar ao Brasil

O neurocirurgião baiano Ícaro Barros, de 36 anos, está vivendo dias de incerteza e tensão em meio ao conflito armado entre Israel e Irã. Natural de Itaberaba, na Chapada Diamantina, ele está impedido de deixar o território israelense por conta dos riscos de deslocamento provocados pela guerra. Segundo a mãe, Anakláudia Barros, que conversou com o jornal Correio, o filho está emocionalmente abalado com a situação e teme não conseguir voltar ao Brasil.

Ícaro desembarcou em Israel no último dia 11 de junho, acompanhado de um amigo que veio de Barcelona. Esta não é a primeira vez que ele visita o país: já é a quinta viagem a Israel, destino que ele sempre demonstrou afeição. “Ele sempre disse que queria se aposentar lá. É apaixonado por aquele lugar”, contou a mãe, emocionada.

No entanto, o cenário atual é de guerra e insegurança. Na madrugada de sexta-feira (13), ainda quinta-feira no horário de Brasília, os primeiros ataques surpreenderam Ícaro e seus amigos. Eles estão abrigados em um imóvel na região metropolitana de Tel Aviv, equipado com um bunker privado, utilizado em caso de bombardeios.

Participe do nosso grupo de notícias no WhatsApp: Quero Participar

Apesar de estar protegido, a tranquilidade está longe de fazer parte da rotina. A cada dia, a angústia cresce. “Até quando você consegue ficar em um lugar fechado, mesmo sendo seguro? Em algum momento, ele precisa sair para comprar comida. Isso é muito difícil de lidar”, relatou Anakláudia, que fala com o filho diariamente por aplicativos de mensagem.

A tensão emocional já começa a deixar marcas. Segundo ela, o médico tem demonstrado sinais de esgotamento psicológico. “Ele está ficando mais calado, mais introspectivo. Não fala mais com a imprensa. Eu percebo que minha própria ansiedade está afetando ele. Tento me controlar para não agravar a situação dele”, desabafa a mãe, que acompanha tudo de casa, em Itaberaba.

Busca por ajuda oficial

Desde que a situação se agravou, Anakláudia tem buscado apoio junto ao Ministério das Relações Exteriores. Ela afirma enviar e-mails todos os dias ao Itamaraty, mas até agora não recebeu nenhuma resposta concreta. “O que está sendo feito de verdade? Só dizem para ter calma, que não é o momento de sair. Mas cadê os esforços reais para trazer esses brasileiros de volta?”, questiona.

Ícaro tem vistos válidos para os Estados Unidos e Jordânia, o que poderia facilitar sua saída de Israel por vias diplomáticas. Ainda assim, a mãe teme que falte articulação por parte das autoridades brasileiras. “Vinte e sete prefeitos que estavam em Israel já conseguiram voltar por meio da Jordânia. Eu só quero que meu filho e outros brasileiros tenham o mesmo tratamento”, diz ela.

Trajetória marcada pela dedicação

A história de Ícaro é marcada pelo esforço e dedicação. Ele deixou Itaberaba ainda jovem para estudar em Salvador, onde concluiu o Ensino Médio e se formou em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP). Depois da graduação, se mudou para São Paulo, onde atua como neurocirurgião.

Agora, ele se vê refém de um cenário que jamais imaginou enfrentar. Isolado, sob risco constante e longe da família, Ícaro representa tantos outros brasileiros que, diante de conflitos internacionais, ficam à margem das ações estatais.

A reportagem procurou o Ministério das Relações Exteriores, mas não obteve resposta até a publicação. O espaço segue aberto para posicionamento oficial.

Compartilhe

📱 Participe do nosso grupo no WhatsApp e receba as notícias em tempo real:

Grupo do WhatsApp

📸 Não perca nenhuma atualização! Siga-nos no Instagram:

Coruja News no Instagram

© Todos os direito reservados ao Coruja News! Não é permitido cópia!