Mãe de jovem morta por suposta ligação com facção diz ter alertado filha sobre riscos: ‘Ela não estava sozinha’

Em Eunápolis, no extremo sul da Bahia, o assassinato brutal de Anna Luiza Lima Brito, de apenas 21 anos, expôs de forma dolorosa como o envolvimento com o crime pode destruir famílias inteiras. A jovem foi morta e esquartejada dois dias depois de, segundo a polícia, ter atraído Matheus Rodrigues de Souza, de 24 anos, para uma emboscada armada por um integrante de facção criminosa.

Para Liliane Lima, mãe de Anna Luiza, o crime não foi surpresa completa, mas o sofrimento ultrapassou qualquer previsão. “Eu avisei a minha filha que, do jeito que ela estava vivendo, não morreria aos 80 anos numa cama, mas de forma dolorosa. Só não imaginava que seria tão cruel”, contou.

Alertas ignorados

Liliane relata que tentou de todas as maneiras afastar a filha desse caminho. “Anna dizia não ter medo da morte, mas sim de como poderia morrer. Eu a preveni que seria sofrido. Infelizmente, foi o que aconteceu. Ver os vídeos do que fizeram com ela e que se espalharam pela cidade me destruiu por dentro”, desabafou.

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Mesmo alertada, Anna Luiza se envolveu cada vez mais com o tráfico de drogas. Chegou a divulgar produtos ilícitos em transmissões ao vivo pelas redes sociais. “Ela tinha apoio, tinha família, mas decidiu mergulhar no crime. Foi uma escolha dela. A coragem e, ao mesmo tempo, a burrice que ela teve são difíceis de entender. Não precisava disso”, lamentou a mãe.

Liliane não pretende protestar ou pedir justiça nas ruas. Para ela, nada vai trazer a filha de volta. “Eu disse pra ela que a vida seguiria, que a gente ia sofrer, mas ia continuar. Quem entra no crime sabe o risco. Descobrir quem fez isso não vai devolver minha filha.”

Mensagens de arrependimento

Pouco antes dos crimes, Anna Luiza chegou a demonstrar sinais de arrependimento em mensagens para a mãe. “Tivesse sido uma pessoa inteligente, minha vida seria diferente hoje”, escreveu. Liliane aproveitou para aconselhá-la novamente: “Você não morreu. Ainda dá tempo. Muda.”

Em outro diálogo, no Dia das Mães, Anna se declarou para Liliane e agradeceu por cuidar dos filhos que deixou. “Obrigada por tudo que fez por mim e por tudo que está fazendo pelos meus filhos. Amo muito a senhora.” Liliane respondeu com afeto, mas também com firmeza: “Você sabe que jamais vou te julgar. Só vou avisar que um dia você pode se arrepender muito. Julgar, nunca! Você ainda tem muito a viver, só precisa escolher como.”

Crime em cadeia

De acordo com o delegado Moabe Macedo Lima, que comanda as investigações na 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Eunápolis), Anna Luiza foi usada para atrair Matheus Rodrigues até um mercado. Lá, o suspeito entrou de capacete e disparou diversas vezes contra ele. As câmeras de segurança registraram tudo.

Nos vídeos, é possível ver Anna conversando com Matheus pouco antes do crime. Depois dos tiros, ela se abaixou, olhou para o rapaz caído e, em seguida, saiu do local levando o celular dele. O atirador ainda voltou para dar mais disparos.

Dois dias depois, Anna foi sequestrada e morta com extrema violência. Para a polícia, a morte dela foi um ato de vingança: o grupo criminoso ao qual Matheus estaria ligado descobriu que ela ajudou a executar o crime e decidiu se vingar. O corpo da jovem foi localizado esquartejado, em um crime que chocou a cidade.

Investigações e buscas

A Polícia Civil informou que já possui indicativos de quem participou dos assassinatos, mas, até a manhã desta segunda-feira (30), nenhum suspeito havia sido preso. As investigações continuam e o material das câmeras de segurança está sendo analisado para reforçar as provas.

Um retrato de escolhas

A história de Anna Luiza escancara o perigo que é se envolver com facções e o tráfico. Apesar de ter família presente e apoio em casa, ela decidiu se aprofundar num caminho sem volta. Para Liliane, o maior consolo é ter tentado, até o último momento, mostrar que sempre há outra escolha. “Mesmo nos piores dias, eu lembrava a ela que ainda podia mudar. Mas foi a vida que ela escolheu. O crime cobra caro.”

Essa tragédia serve como um alerta para tantos outros jovens que acreditam estar no controle ao se aproximarem do crime, mas acabam vítimas de um ciclo violento que dificilmente termina bem. Enquanto a mãe tenta reconstruir sua vida e criar os netos, o caso segue revelando a dura realidade de quem cruza a linha e, muitas vezes, não consegue mais voltar.

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