Uma cena tensa e carregada de revolta tomou conta da entrada da Faculdade Metropolitana de Manaus (Fametro), na capital do Amazonas, nesta segunda-feira (9). Uma mãe partiu para a agressão física contra uma mulher acusada de cometer racismo contra seu filho, aluno da instituição. O caso, registrado por estudantes em vídeos que circulam nas redes sociais, reacende o debate sobre os limites da reação diante de crimes de ódio e a urgência do combate ao racismo em ambientes educacionais.
Nas imagens, é possível ver a mãe desferindo socos, tapas e puxões de cabelo na mulher que teria ofendido seu filho com expressões racistas. Uma jovem, aparentemente ligada à mãe, também participa das agressões. Mesmo com a presença de alguns homens tentando conter a situação, a mãe insiste:
— “Ela chamou meu filho de macaco!”, grita, justificando a atitude diante do que considera intolerável.
“Chamou meu filho de macaco”: mãe agride estudante na entrada da Fametro em Manaus pic.twitter.com/nWAh0EYEgP
— Portal Ponta Negra Manaus (@pontanegraAM) June 10, 2025
Quando o silêncio não é uma opção
Segundo testemunhas no local, a mãe teria agido imediatamente após ouvir do próprio filho que vinha sendo alvo de ofensas racistas por parte da mulher agredida. Diante disso, parte das pessoas que presenciaram a cena escolheu não intervir, entendendo a motivação da agressão como um reflexo da dor de uma mãe diante da injustiça.
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Embora a reação da mãe tenha sido filmada e comentada por muitos, até a publicação desta matéria não havia confirmação de registro de boletim de ocorrência, nem manifestação pública da Fametro sobre o episódio, que ganhou repercussão nas redes sociais.
Racismo é crime: o que diz a lei?
Vale lembrar que o racismo é crime inafiançável e imprescritível no Brasil, segundo o artigo 5º da Constituição Federal e a Lei nº 7.716/89. Chamadas racistas como a que foi denunciada no vídeo, caso confirmadas, configuram crime passível de punição com pena de reclusão de até 5 anos, além de multa.
Por outro lado, a agressão física, mesmo motivada por indignação, também pode configurar crime de lesão corporal, e cada caso precisa ser avaliado judicialmente dentro dos limites da lei.
A importância do acolhimento nas instituições
Casos como esse revelam uma lacuna grave nos ambientes de ensino, que deveriam ser espaços seguros e acolhedores, especialmente para estudantes vítimas de qualquer tipo de preconceito. A ausência de resposta imediata por parte da instituição até o momento levanta questionamentos sobre como casos de racismo são tratados dentro da universidade e que protocolos são adotados para proteger os alunos.
É urgente que faculdades e escolas invistam em ações educativas, canais seguros de denúncia e acolhimento psicológico para as vítimas. O silêncio institucional só contribui para a normalização da violência racial.
O que fazer em casos de racismo?
Se você ou alguém que conhece for vítima de racismo, é fundamental:
- Registrar um boletim de ocorrência imediatamente.
- Recolher provas, como mensagens, vídeos ou testemunhas.
- Acionar a Defensoria Pública ou o Ministério Público, que oferecem assistência jurídica gratuita.
- Buscar apoio em coletivos, ONGs e movimentos negros que oferecem suporte psicológico e orientação legal.
Mais do que reagir no impulso, é preciso fazer com que a Justiça seja aplicada com firmeza. A dor da mãe é compreensível — mas é preciso que a resposta ao racismo seja institucional, firme e dentro do que a lei prevê.
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