Jovem é morto após denunciar facção criminosa; corpo é achado em área de mata

O desaparecimento de Carlos Eduardo, jovem de 22 anos, mobilizou familiares e moradores de Feira de Santana (BA) durante quase duas semanas. Infelizmente, o caso teve um desfecho trágico. O corpo dele foi localizado no último dia 6, em estado avançado de decomposição, numa área de mata no bairro Aviário, região periférica da cidade.

Segundo informações obtidas com moradores e fontes ligadas à investigação, Carlos Eduardo teria sido vítima de um dos mecanismos mais cruéis usados por facções criminosas: o chamado “tribunal do crime” — um julgamento informal e clandestino que pune, geralmente com a morte, quem é acusado de trair ou prejudicar o grupo. A suspeita é que traficantes locais desconfiaram que o jovem repassava informações à polícia, o que teria colaborado para o aumento das operações policiais na área.

A Delegacia de Homicídios de Feira de Santana investiga o caso. O corpo foi encaminhado ao Departamento de Polícia Técnica (DPT) para realização de perícia e identificação oficial, já que, devido ao estado de decomposição, o reconhecimento visual foi dificultado.

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Cresce a violência ligada a facções em Feira de Santana
O caso de Carlos Eduardo não é isolado. Feira de Santana, que é a segunda maior cidade da Bahia, vem registrando um crescimento expressivo de crimes atribuídos a disputas entre facções rivais e a punições impostas por esses “tribunais paralelos”. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), em 2024, o município já contabilizou dezenas de casos semelhantes, muitos envolvendo sequestros, desaparecimentos e execuções.

O fenômeno ocorre principalmente em bairros da periferia, onde as facções disputam o controle do tráfico de drogas e impõem suas próprias regras à comunidade. Especialistas em segurança apontam que o silêncio imposto pelo medo dificulta as denúncias e a investigação de crimes dessa natureza.

Polícia reforça operações e pede apoio da população
Diante da escalada da violência, a polícia intensificou as ações em pontos estratégicos de Feira de Santana. Em nota, a SSP-BA informou que equipes da Polícia Civil, Polícia Militar e Polícia Federal atuam de forma conjunta na região. A corporação também reforçou a importância de denúncias anônimas, que podem ser feitas pelo Disque Denúncia 181, sem necessidade de identificação.

“O apoio da população é fundamental. Qualquer informação pode ajudar a evitar novos crimes e a responsabilizar os envolvidos”, destaca o delegado Roberto Leal, da Delegacia de Homicídios.

Impactos sociais e orientação de especialistas
Além da dor das famílias, casos como o de Carlos Eduardo expõem a vulnerabilidade de jovens moradores de áreas dominadas por facções. De acordo com Márcio Lima, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a combinação de desemprego, baixa escolaridade e ausência de políticas públicas aumenta o risco de envolvimento ou de exposição a situações de violência.

A Defensoria Pública da Bahia orienta familiares de desaparecidos a procurarem imediatamente uma delegacia e registrarem o Boletim de Ocorrência, sem a necessidade de aguardar 24 horas, como ainda se acredita erroneamente. “O quanto antes a denúncia é feita, maiores são as chances de localização da pessoa desaparecida”, afirma a defensora Luciana Xavier.

Serviço
Denúncias anônimas podem ser feitas pelo Disque 181 ou pelo aplicativo SSP-BA.

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