O mundo se despediu nesta segunda-feira (21) do Papa Francisco, aos 88 anos. Mas, no coração de uma mulher em Buenos Aires, a despedida foi ainda mais dolorosa. María Elena Bergoglio, de 77 anos, a única irmã viva do pontífice, não conseguiu vê-lo pela última vez – nem nos últimos 12 anos.
Desde que Jorge Mario Bergoglio assumiu o trono da Igreja Católica e passou a ser chamado de Papa Francisco, os dois não se reencontraram pessoalmente. Apesar disso, mantinham uma ligação forte, marcada por ligações, cartas e lembranças de uma vida em família.
Laços de sangue, distância de fé e saúde frágil
María Elena, ou Mariela, como é chamada carinhosamente pela família, é a caçula entre os cinco filhos do casal Mario Jorge Bergoglio e María Regina Sívori. Francisco era o mais velho. Ela vive em Buenos Aires e enfrenta há anos sérios problemas de saúde, o que a impede de viajar. Atualmente, está sob os cuidados de freiras, segundo o jornal argentino La Nación.
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Mesmo com o desejo de reencontrar o irmão, Mariela foi desaconselhada pelos médicos a fazer uma viagem tão longa até o Vaticano. A saúde já não permite longas distâncias, e nem o Papa, por conta da sua rotina e compromissos, pôde voltar à Argentina desde que foi eleito.
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Tentativas, lembranças e uma relação que resistiu ao tempo
Em entrevistas anteriores, Mariela demonstrava o carinho profundo pelo irmão mais velho. Segundo ela, os dois tinham o hábito de se falar toda semana. Também trocavam cartas e, sempre que possível, faziam planos para um almoço em família – mesmo que à distância. Em 2013, à revista ¡Hola!, ela disse:
“Ele sempre foi um irmão muito companheiro, muito presente, mesmo com as distâncias e os compromissos com a Igreja.”
Ela chegou, inclusive, a renovar o passaporte na esperança de visitar o Papa. Mas os médicos foram firmes: viajar estava fora de cogitação.
Um adeus silencioso, mas cheio de amor
A despedida de Mariela não foi feita com abraços ou palavras ao pé do ouvido. Mas o vínculo entre irmãos – um Papa e uma dona de casa argentina – ultrapassa a barreira da presença física. A conexão entre eles continuou firme, mesmo com os oceanos e os compromissos que os separavam.
O Papa Francisco pode ter partido sem ver a irmã pela última vez, mas partiu sabendo que era amado. E Mariela, mesmo de longe, certamente sentiu sua ausência como quem perde não apenas o líder da Igreja, mas o irmão que acompanhou toda uma vida.
Um símbolo de afeto que permanece
Enquanto o mundo lembra do Papa por seus gestos de simplicidade, pelo olhar voltado aos mais pobres e pelas reformas que tentou implementar na Igreja, a família o recorda por outra razão: seu papel como irmão, filho, tio.
A ausência do reencontro com Mariela nos últimos anos não diminui a força do afeto que os unia. Pelo contrário: é justamente essa saudade não resolvida que humaniza o pontífice e revela a dor que tantas famílias enfrentam todos os dias, separadas por motivos que fogem ao controle.
A história de Francisco e Mariela nos lembra que, mesmo entre os mais poderosos, há vínculos que nos igualam a todos: o amor de família, a saudade e a vontade de estar perto de quem amamos.
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