A influenciadora digital Melissa Said, conhecida nas redes sociais como “Ervoafetiva”, deixou o Conjunto Penal Feminino da Mata Escura, em Salvador, na tarde desta sexta-feira (7), após decisão da Justiça da Bahia. A informação foi confirmada pelo CORREIO.
Melissa é apontada pela Polícia Civil como a principal liderança de um esquema interestadual de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, com ramificações nos estados da Bahia e de São Paulo. A influenciadora, que tem mais de 320 mil seguidores e vídeos que ultrapassam 1 milhão de visualizações, ganhou notoriedade por compartilhar conteúdos sobre o uso da maconha e por defender o que chama de “ervofetividade” — uma filosofia de bem-estar e conexão com a planta.
Operação Erva Afetiva e a prisão de Melissa Said
A influenciadora foi presa em 23 de outubro, um dia após ser considerada foragida da Justiça. Sua prisão ocorreu no âmbito da Operação Erva Afetiva, deflagrada pela Polícia Civil com apoio do Ministério Público da Bahia (MP-BA).
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De acordo com os investigadores, o nome da operação faz referência direta à forma como Melissa se apresenta nas redes sociais. Embora ela alegue que seus conteúdos têm caráter educativo e medicinal, as autoridades acreditam que suas publicações serviam como fachada para um esquema de tráfico de drogas, envolvendo a comercialização de maconha com fornecedores identificados em dois estados.

Em nota, a Polícia Civil afirmou que Melissa fazia apologia ao uso de entorpecentes e utilizava seu alcance digital para intermediar a venda da droga. Durante as buscas, foram apreendidos materiais de embalagem, extratos e produtos derivados de cannabis, além de comprovantes de movimentações financeiras consideradas suspeitas.
As investigações e o papel da influenciadora
Segundo o delegado Ernandes Júnior, do Departamento Especializado de Investigação e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), o inquérito teve início há um ano e nove meses, após uma denúncia do Ministério Público. As investigações partiram da observação de postagens públicas feitas por Melissa, nas quais ela defendia o uso recreativo e medicinal da maconha.
A partir dessas publicações, os investigadores identificaram conversas e transações que indicariam um possível comércio ilegal. A polícia aponta que Melissa coordenava uma rede de distribuição e que parte dos lucros era lavada por meio de empresas de fachada.
Apesar das acusações, a defesa da influenciadora alega que não há provas concretas de tráfico e que a atividade dela nas redes tem caráter educativo, social e informativo, voltado para a regulamentação do uso medicinal da cannabis.
Decisão judicial e liberdade provisória
A decisão que autorizou a liberdade de Melissa foi tomada pela Justiça baiana após análise dos autos e do comportamento processual da acusada. Segundo o despacho, a influenciadora deverá cumprir medidas cautelares, como não se ausentar da cidade sem autorização judicial, comparecer a todos os atos processuais e não utilizar suas redes sociais para abordar o tema de forma ilícita.
O processo segue em tramitação, e a Polícia Civil continua reunindo elementos para encerrar o inquérito e encaminhá-lo ao Ministério Público. A expectativa é de que novas diligências sejam realizadas para apurar a participação de outros envolvidos no suposto esquema.
Quem é a “Ervoafetiva”
Antes de ser alvo de investigações, Melissa Said havia se tornado uma figura influente no debate sobre legalização e uso consciente da maconha. Seu conteúdo misturava ativismo, educação e espiritualidade, e ela se apresentava como uma defensora da “libertação da erva” e do autocuidado através da cannabis.
O termo “ervoafetiva” era usado para descrever uma forma de relacionamento afetivo e simbólico com a planta, explorando aspectos culturais, terapêuticos e pessoais. No entanto, essa imagem passou a ser questionada após o avanço das investigações, que apontam que as redes sociais também serviam para encobrir uma estrutura criminosa organizada.
Próximos passos da investigação
O caso segue sob sigilo parcial, mas a Polícia Civil confirmou que novas fases da Operação Erva Afetiva podem ser deflagradas ainda neste mês. O objetivo é rastrear fluxos financeiros e identificar eventuais cúmplices.
A Justiça baiana deverá decidir, nas próximas semanas, se a influenciadora responderá ao processo em liberdade definitiva ou se haverá novo pedido de prisão preventiva.
Enquanto isso, o caso reacende o debate sobre os limites entre ativismo digital e atividade criminosa, além de levantar discussões sobre a descriminalização da maconha e o papel das redes sociais na formação de opinião pública sobre o tema.
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