Herdeira do tráfico: filha da líder da ‘Tropa da Juba’ é integrante do CV e já ‘lavou’ milhões da facção

As investigações da Polícia Civil e do Ministério Público da Bahia (MPBA) revelaram que as conexões entre mãe e filha em uma das mais influentes células do Comando Vermelho (CV) em Feira de Santana vão muito além da herança genética. Juliana de Almeida Leite, conhecida como “Juba”, de 40 anos, apontada como líder da facção na cidade, tem ao seu lado a filha, Hayanna Letícia Leite da Silva, a “Haay”, de 25, suspeita de ser a principal operadora financeira do grupo.

Segundo a denúncia, mãe e filha atuam de forma integrada em atividades que envolvem o tráfico de drogas, o comércio ilegal de armas e a lavagem de capitais por meio de empresas de fachada.

Estrutura do grupo e movimentações milionárias

As apurações indicam que Hayanna movimentou R$ 2,6 milhões em menos de um ano em contas bancárias vinculadas ao seu nome. Embora tivesse renda declarada de apenas R$ 8 mil, sua empresa, a Hayanna Confecções, criada em outubro de 2023, registrou em apenas dois meses (fevereiro e março de 2024) transações que somaram R$ 1,26 milhão, números considerados incompatíveis com a atividade declarada.

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Para o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), os indícios reforçam que a empresa funcionava como fachada para ocultar recursos oriundos do tráfico, desempenhando papel central no esquema de lavagem de dinheiro da facção.

Operação Skywalker e o cerco às lideranças

O envolvimento de Hayanna veio à tona durante a Operação Skywalker, deflagrada em abril deste ano, que denunciou 32 integrantes do Comando Vermelho. Ela e a mãe estão foragidas desde então. Ambas respondem por tráfico de drogas e associação criminosa, subordinadas a Heverson Almeida Torres, o “Mil Grau”, preso em fevereiro de 2024 no Rio Grande do Norte. Conhecido pela ostentação, ele mantinha uma célula voltada especificamente ao contrabando de armamentos, inclusive com a participação de policiais.

De acordo com o Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), as movimentações de Hayanna chamaram atenção também do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), responsável por monitorar operações suspeitas no sistema bancário. Relatórios apontaram conexões diretas com valores repassados por André Ricardo de Almeida Araújo Santos, o “Gordinho”, preso na mesma operação.

Provas materiais e interceptações

Além dos extratos e comprovantes bancários, a denúncia cita conversas interceptadas por ordem judicial que reforçam a atuação da jovem em nome da facção. As mensagens mostram contatos frequentes com Lucas Santos Barbosa, o “Mata Rindo”, uma das principais lideranças do CV em Feira, com mandados em aberto por homicídios e tráfico.

Também foram registrados diálogos entre mãe e filha tratando de operações policiais, movimentações de drogas e estratégias financeiras da facção. Para o MPBA, os indícios confirmam que Hayanna desempenhava papel ativo e consciente na estrutura criminosa.

A “Tropa da Juba” e o braço armado da facção

Sob o comando de Juliana, a “Tropa da Juba” consolidou-se como um dos braços mais violentos do CV na Bahia. A líder aparece em fotos com armas de alto poder de fogo e é suspeita de envolvimento direto em execuções. Mídias apreendidas durante a investigação mostram homicídios possivelmente realizados com instrumentos semelhantes aos exibidos por ela em registros anteriores.

Os investigadores acreditam que o grupo, além de gerir o tráfico de drogas, atua no comércio clandestino de armas, com capacidade logística e financeira sustentada justamente pelas operações de lavagem conduzidas pela filha.

O impacto da investigação

O caso expõe não apenas a força do Comando Vermelho em Feira de Santana, mas também o modelo de profissionalização das atividades criminosas, que hoje incluem não só a violência armada, mas também estratégias sofisticadas de ocultação de patrimônio.

A atuação paralela de mãe e filha, de acordo com o MPBA, mostra como as organizações criminosas herdam e perpetuam poder dentro das próprias famílias, reproduzindo dinastias ilícitas que desafiam o trabalho das autoridades.

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