Na última sexta-feira (19), o que deveria ser apenas mais um dia de trabalho para Willian Santos de Oliveira, de 30 anos, terminou em tragédia. O armador, que há um ano atuava em um canteiro de obras no Horto Florestal, em Salvador, morreu após ser atingido por uma barra de ferro que teria despencado do 13º andar do edifício em construção, segundo familiares. A versão oficial, no entanto, aponta que o trabalhador teria caído de uma altura de 30 metros.
Willian foi socorrido às pressas por colegas de trabalho e levado ao Hospital Geral do Estado (HGE). Submetido a duas cirurgias, não resistiu às complicações. A dor da família foi ampliada pela forma como receberam a notícia: a esposa, Joana Oliveira, foi avisada por mensagem no Facebook, enviada por um colega de obra. “A empresa não entrou em contato comigo. Cheguei ao hospital quando ele já estava em cirurgia. Ele lutou, mas não resistiu”, contou, ainda em luto.
Divergências nas versões e início da investigação
Enquanto os parentes relatam que a barra de ferro foi a causa do acidente, o boletim de ocorrência registra a queda de 30 metros. A divergência alimenta a indignação da família, que cobra explicações e responsabilização. O caso está sob investigação da Delegacia Territorial de Brotas, mas até o momento a polícia não se pronunciou sobre os relatos de familiares.
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O Ministério Público do Trabalho (MPT) abriu inquérito para apurar se houve falhas nas normas de segurança. O órgão pretende investigar desde o fornecimento de equipamentos de proteção até os protocolos de emergência adotados pela construtora.
Socorro sob questionamento
Outro ponto de contestação é a forma como o resgate foi feito. Segundo familiares, o Samu não foi acionado e Willian foi transportado por colegas de trabalho, sem assistência médica especializada. Para o tio da vítima, Jadson Oliveira, essa falha pode ter comprometido as chances de sobrevivência. “Ele foi tirado do local sem segurança. O técnico de segurança da obra nem apareceu. Isso revolta a gente”, afirmou.
Família promete ação judicial
A empresa responsável pelo empreendimento, Moura Dubeux, custeou o enterro e afirmou estar prestando apoio aos parentes, mas a família nega ter recebido suporte além do funeral. O advogado Gustavo Neiva, que representa os familiares, adiantou que será ingressada uma ação trabalhista por danos morais e materiais. “Foi um acidente que poderia ter sido evitado. A empresa falhou em adotar medidas preventivas”, disse.
Dor e sonhos interrompidos
Casados há quatro anos, Willian e Joana planejavam ter filhos e construir uma casa. Os projetos foram interrompidos de forma abrupta. “Meus sonhos foram embora. Vou ficar sozinha”, desabafou a viúva.
Já os pais do trabalhador estão em estado de choque, sob efeito de medicamentos. “É uma dor que não tem explicação. Estamos tentando nos manter fortes, mas é muito difícil”, contou o tio.
A resposta da construtora
Em nota, a Moura Dubeux lamentou a morte, declarou solidariedade à família e reforçou que está colaborando com as autoridades. Disse ainda que oferece seguro de vida, transporte para parentes e amigos, além de custear o velório. As obras do empreendimento de luxo Poème Horto, uma torre de 36 andares, seguem paralisadas.
Acidentes recorrentes no setor
O caso não é isolado. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostram que, apenas até agosto deste ano, foram registrados 10.187 acidentes de trabalho na Bahia, um aumento de 10,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No próprio Horto Florestal, em novembro passado, dois trabalhadores morreram após a queda de um elevador de carga. Em Jacobina, no interior do estado, outro operário perdeu a vida soterrado em uma mina na semana passada.
O que está em jogo
A investigação do MPT busca não apenas responsabilizar eventuais culpados, mas também garantir que medidas preventivas sejam implementadas. A tragédia de Willian reacende o debate sobre a segurança em obras de grande porte e sobre a necessidade de fiscalização mais rigorosa para evitar que novas famílias sejam devastadas por acidentes que poderiam ser prevenidos.
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