Mais de um ano após a morte de Cid Moreira, a divisão do patrimônio do ex-apresentador do Jornal Nacional e do Globo Repórter continua sendo alvo de intensa disputa judicial. O caso, que envolve valores estimados em R$ 500 milhões, voltou a ganhar destaque depois que os filhos do jornalista — Roger e Rodrigo Moreira — pediram que o Ministério Público do Rio de Janeiro investigue a viúva, Maria de Fátima Sampaio Moreira, por suposta apropriação indevida de bens.
Filhos pedem investigação do Ministério Público
O pedido, protocolado pelos herdeiros, solicita a abertura de um inquérito civil para apurar o destino do patrimônio deixado por Cid Moreira. Segundo os autos, Maria de Fátima, com quem o jornalista foi casado por mais de duas décadas, teria se aproveitado do estado de fragilidade física e mental do apresentador nos últimos anos de vida para transferir e administrar valores de forma irregular.
Rodrigo Moreira é filho biológico de Cid com a terceira esposa, Ulhiana Naumtchyk Moreira, enquanto Roger foi adotado oficialmente durante o casamento com Maria de Fátima. Ambos sustentam que a viúva agiu de maneira a isolar o pai e assumir o controle total do patrimônio, estimado em meio bilhão de reais.
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Acusações e possíveis irregularidades
De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Globo, o documento enviado ao Ministério Público levanta uma série de suspeitas graves sobre a administração dos bens. Entre os pontos citados estão:
- Ocultação de patrimônio e movimentação financeira incompatível com a renda declarada;
- Enriquecimento ilícito e uso de terceiros como “laranjas” em transações;
- Sonegação fiscal e lavagem de dinheiro;
- Negócios imobiliários e vínculos empresariais irregulares;
- E ainda, a formação de associação continuada para administrar bens de maneira paralela à herança.
Os filhos pedem que as autoridades rastreiem transferências bancárias, contratos e registros imobiliários para identificar o fluxo de recursos e esclarecer se houve desvio de parte do espólio.
Histórico da disputa familiar
A relação entre os filhos de Cid Moreira e a madrasta, Maria de Fátima, já vinha se deteriorando desde 2021, quando Roger e Rodrigo entraram com um pedido de interdição judicial do pai. À época, os dois alegavam que o apresentador, então com mais de 90 anos, apresentava sinais de demência senil em estágio avançado, o que comprometeria sua capacidade de administrar o próprio patrimônio.
O caso foi amplamente divulgado e dividiu opiniões, já que Cid Moreira chegou a gravar vídeos afirmando estar lúcido e ciente de suas decisões. Ainda assim, os filhos sustentavam que o jornalista vivia sob influência direta da esposa, e que o afastamento deles era parte de uma estratégia para controlar o espólio e as decisões patrimoniais.
Após a morte do apresentador, em 2024, as tensões familiares se intensificaram. Desde então, uma série de ações cíveis e pedidos de revisão de sentenças foram apresentados no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), na tentativa de reavaliar as decisões tomadas enquanto Cid ainda estava vivo.
A ação rescisória e a revisão de decisões anteriores
Uma das medidas mais recentes foi a apresentação de uma ação rescisória, que busca reabrir o processo de interdição arquivado em 2021. Os filhos afirmam que existem novos elementos e documentos capazes de comprovar que o pai já estava incapacitado cognitivamente quando realizou parte das movimentações financeiras e mudanças patrimoniais questionadas.
A defesa de Roger e Rodrigo também argumenta que o controle financeiro da viúva sobre os bens do jornalista começou antes da morte dele, o que, segundo os advogados, justificaria uma investigação mais profunda.
O pedido inclui a reavaliação de contratos, procurações e transferências realizadas nos últimos anos de vida de Cid Moreira.
Quem era Cid Moreira
Com mais de sete décadas de carreira, Cid Moreira é uma das vozes mais icônicas do jornalismo brasileiro. Nascido em Taubaté (SP), iniciou sua trajetória no rádio e se consagrou como âncora do Jornal Nacional, função que exerceu de 1969 a 1996, tornando-se símbolo de credibilidade e sobriedade na televisão.
Além da atuação no noticiário, Cid ficou conhecido pelas narrações marcantes no Globo Repórter e em produções especiais, além de gravar uma série de audiolivros bíblicos, que ampliaram ainda mais sua popularidade.
Após deixar a TV, passou a viver recluso em Petrópolis (RJ), ao lado da esposa, Maria de Fátima, com quem manteve um relacionamento discreto, mas que, após sua morte, tornou-se o centro da disputa judicial.
O que diz a defesa da viúva
Até o momento, Maria de Fátima Sampaio Moreira não se pronunciou publicamente sobre as novas acusações. Em manifestações anteriores, ela negou qualquer irregularidade e afirmou ter sido companheira dedicada e cuidadora do jornalista nos últimos anos.
Sua defesa sustenta que todas as movimentações financeiras foram autorizadas pelo próprio Cid Moreira, e que não há provas de que ele estivesse incapaz quando tomou as decisões patrimoniais.
Os advogados também ressaltam que o patrimônio foi administrado dentro da legalidade, com declarações formais à Receita Federal e contratos devidamente registrados.
Próximos passos do processo
O Ministério Público do Rio de Janeiro deve analisar os documentos apresentados pelos filhos e decidir se há elementos suficientes para abrir uma investigação formal. Caso o inquérito seja instaurado, a fase inicial incluirá coleta de depoimentos, análise de movimentações bancárias e levantamento patrimonial.
Especialistas em direito de família e sucessões apontam que o caso pode se arrastar por anos, considerando a complexidade das transações e o valor envolvido. “Quando há suspeita de manipulação patrimonial em vida, a linha entre o que pertence ao espólio e o que foi transferido antes do falecimento torna-se delicada”, explica um advogado ouvido pela reportagem.
Um legado de prestígio e polêmica
A disputa pela herança de Cid Moreira expõe não apenas as fragilidades das relações familiares em torno de grandes fortunas, mas também os desafios jurídicos em torno da administração de bens de idosos com possíveis limitações cognitivas.
Enquanto a Justiça analisa o caso, o nome de Cid Moreira — sinônimo de ética, voz marcante e credibilidade — volta a ocupar os holofotes, agora em meio a um embate que mistura afetos, patrimônio e memória.
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