DNA de preso por mortes de mulheres em Ilhéus não é encontrado nos corpos das vítimas

Um mês após o brutal assassinato de três mulheres na Praia dos Milionários, em Ilhéus, o caso continua envolto em contradições. Embora a polícia tenha apresentado um suspeito confesso, várias lacunas na investigação levantam questionamentos sobre a versão oficial.

Thierry Lima da Silva, 23 anos, foi preso dias depois do crime e admitiu em audiência de custódia ter cometido os homicídios. No entanto, exames de DNA realizados pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Salvador não identificaram material genético dele nos corpos das vítimas nem nas três facas apreendidas como possíveis armas do crime.

Incongruências que desafiam a versão oficial

O laudo mais recente, divulgado em 11 de setembro, reforçou a ausência de DNA de Thierry e de outros três suspeitos. Um perito ouvido pela reportagem destacou que, em crimes cometidos com facas, é comum o agressor também se ferir, deixando vestígios de sangue misturado ao das vítimas. “Se ele confessou, deveria indicar onde descartou a faca. Mas até hoje o objeto não foi localizado”, disse o especialista.

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Além disso, não foram encontradas digitais de Thierry nem dos demais investigados nas facas apresentadas pela Polícia Civil. Novas amostras foram enviadas ao DPT no dia 12, mas até agora os resultados não foram divulgados.

Dinâmica pouco convincente

O depoimento do suspeito afirma que ele teria agido sozinho, com a intenção inicial de roubar. No entanto, a versão de que apenas um homem, munido de uma única faca, conseguiu dominar e matar três mulheres gera dúvidas entre especialistas.

Para os peritos, seria improvável que nenhuma das vítimas tivesse conseguido escapar, pedir ajuda ou deixar marcas de defesa. “Não encontramos nas unhas material genético que indicasse luta corporal”, apontou um técnico.

 

Outro fator questionado é a motivação do crime. Thierry declarou que roubou R$ 30, mas não houve sinais de subtração de bens de valor. Para os peritos, a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) parece inconsistente. “Latrocínio costuma ser rápido, com fuga imediata. Esse caso mostra um massacre brutal, sem lógica clara”, avaliou um especialista.

As vítimas

As três mulheres assassinadas em 15 de agosto foram identificadas como:

  • Alexsandra Oliveira Suzart, 45 anos, professora da rede municipal.
  • Maria Helena do Nascimento Bastos, 41 anos, também educadora.
  • Mariana Bastos da Silva, 20 anos, filha de Maria Helena e estudante de Engenharia Ambiental.

As três eram vizinhas, amigas próximas e costumavam caminhar juntas pela orla. No dia do crime, passeavam acompanhadas de um cachorro, encontrado amarrado a uma árvore perto dos corpos.

Confissão sob pressão?

Outro ponto em análise é a confissão do acusado. Fontes ligadas à perícia lembram que Thierry é dependente químico e pode ter sido induzido a admitir a culpa. “Confissão sem provas materiais não se sustenta, como prevê o artigo 155 do Código de Processo Penal”, explicou um perito.

Repercussão e pressão social

O caso ganhou repercussão nacional, o que aumentou a cobrança por uma resposta rápida. Peritos alertam que, em situações assim, a polícia pode apresentar um suspeito para conter a pressão pública, mesmo sem provas consistentes.

Dor da família

Um parente de Alexsandra relatou a dificuldade em aceitar a versão oficial. “É duro acreditar que alguém sozinho com uma faca tenha cometido tamanha crueldade. Ainda esperamos por respostas mais claras”, disse. A família de Maria Helena e Mariana preferiu não se pronunciar.

Polícia mantém investigação em aberto

Em nota, a Polícia Civil informou que aguarda a conclusão dos laudos periciais para avançar nas investigações. Apesar de Thierry seguir como principal suspeito, o órgão reconheceu que não há elementos conclusivos contra ele e que outras pessoas também são investigadas. O inquérito corre sob sigilo.

 

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