O São João é, sem dúvidas, uma das maiores e mais tradicionais festas populares do Brasil, e na Bahia, ganha proporções ainda mais grandiosas.
Durante o mês de junho, cidades do interior se transformam em grandes palcos a céu aberto, movimentando a cultura local, o turismo e, claro, a economia. E em 2025, uma banda em especial tem se destacado nesse cenário: Toque Dez.
Comandada pelo vocalista Milsinho, a banda Toque Dez se tornou a grande sensação dos festejos juninos deste ano. De acordo com dados atualizados do Painel da Transparência do Ministério Público da Bahia, a banda alcançou o topo das contratações e do faturamento no São João. Foram 40 shows contratados em diferentes municípios baianos, garantindo à banda um faturamento estimado de R$ 11 milhões apenas neste período.
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Além da presença constante nos palcos do interior, Toque Dez também conquistou o público e os contratantes com sua forte presença no gênero da sofrência, ritmo que dominou os festejos neste ano.
Outros destaques do São João 2025
Logo atrás da Toque Dez, aparece o jovem cantor Natanzinho Lima, de apenas 22 anos, que vive um momento promissor na carreira. Ele subiu ao segundo lugar no ranking de faturamento, com R$ 10,3 milhões arrecadados em pelo menos 17 apresentações. Em comparação com 2024, quando fez sete shows na Bahia com um cachê médio de R$ 82 mil, Natanzinho viu seu valor de mercado crescer mais de 700% — hoje ele cobra, em média, R$ 570 mil por apresentação.
Na terceira colocação está a veterana Calcinha Preta, que continua atraindo multidões e garantiu cerca de R$ 6,8 milhões em cachês neste São João.
Já entre os artistas mais contratados, Devinho Novaes e Tayrone empataram com 24 apresentações cada, enquanto Batista Lima aparece logo depois, com 21. A cantora Solange Almeida fecha o grupo dos cinco mais requisitados, com 19 shows agendados.
O peso do maior cachê
Embora não esteja entre os mais contratados, o cantor Wesley Safadão mantém um título exclusivo: o de artista com o maior cachê por show no São João da Bahia. Com apenas quatro apresentações confirmadas no estado — Jequié, Cruz das Almas, Oliveira dos Brejinhos e Bom Jesus da Lapa —, cada uma delas custou R$ 1,1 milhão aos cofres públicos, somando R$ 4,4 milhões no total.
Essa estratégia de menos shows por valores mais altos mostra como Safadão mantém sua marca valorizada e segue sendo uma figura central nas festas juninas, mesmo com menor volume de apresentações.
Investimento público e transparência
Os dados foram extraídos do Painel da Transparência dos Festejos Juninos, uma iniciativa do Ministério Público da Bahia que busca promover a transparência nas contratações públicas para eventos culturais. O painel permite que prefeituras informem, de maneira voluntária, os valores pagos aos artistas e os contratos firmados durante o São João.
Até o momento, 399 prefeituras baianas já registraram suas contratações, o que representa 95,5% dos municípios do estado. Foram contabilizadas 2.502 apresentações de 1.108 artistas, somando um investimento estimado em R$ 395 milhões nos festejos juninos de 2025.
As cidades que participam do painel e seguem os critérios de boa gestão podem receber o Selo de Transparência, uma espécie de reconhecimento pela responsabilidade no uso de recursos públicos.
Um reflexo da cultura e da economia
O cenário junino baiano de 2025 reforça o quanto a música é peça-chave não apenas na tradição cultural, mas também na movimentação econômica do estado. Bandas como Toque Dez mostram que é possível aliar popularidade, agenda cheia e faturamento expressivo, especialmente quando se está em sintonia com o gosto do povo.
Para os artistas, o São João continua sendo uma das maiores vitrines do ano. Para o público, uma temporada de shows gratuitos ou acessíveis em centenas de cidades. E para os gestores públicos, um desafio: equilibrar a oferta cultural com a responsabilidade fiscal — algo que, aos poucos, o Painel da Transparência ajuda a consolidar como prática.
Reportagem escrita por Jefferson Araújo, sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves.
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