O caso envolvendo o delegado Nilton Tormes ganhou novos contornos e segue chocando pela gravidade das acusações. Exonerado do cargo após suspeitas de desvio de fuzis e envolvimento em duas execuções durante uma operação em 2024, Tormes agora é apontado como mandante da morte de um informante que teria indicado a localização de um arsenal escondido no bairro do Caji, em Lauro de Freitas.
Segundo informações divulgadas pela TV Bahia, o delegado Adailton Adam, responsável pela investigação do assassinato de Joseval Santos Souza, relatou que ouviu uma declaração comprometedora. O soldado Ernesto Nilton Nery Souza teria dito que, no momento da apreensão das armas, ao ser questionado sobre o que fazer com a vítima, Tormes respondeu com a frase: “dê o destino”. Essa fala, segundo os investigadores, indicaria a ordem para executar Joseval.
O corpo de Joseval foi encontrado três dias depois, no dia 14 de julho, em Cajazeiras de Abrantes. Dois dias antes, em 12 de julho, o enteado dele, Jeferson Sacramento Santos, que havia sido detido junto com o padrasto, também apareceu morto, desta vez em Águas Claras. No dia da operação, 11 de julho, a família das vítimas ainda recebeu uma ligação pedindo R$ 30 mil de resgate — um detalhe que reforça as suspeitas de crime planejado.
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O elo entre a execução e o desvio de armas
O soldado Nery confessou não apenas a participação na execução das vítimas, mas também o uso de um cartão de crédito de Jeferson para fazer uma compra em uma banca de caldo de cana — detalhe que se tornou peça-chave na investigação.
As apurações revelaram que, apesar de a operação ter apresentado oficialmente seis fuzis como resultado, havia pelo menos 20 armas no local. Isso significa que 14 fuzis teriam sido desviados. Além de Tormes e Nery, o capitão da PM Roque de Jesus Dórea e o ex-policial militar Jorge Adisson Santos da Cruz também foram denunciados pelo Ministério Público e investigados pela Corregedoria da Polícia Civil.
O delegado Adailton Adam, que comanda a Delegacia Antissequestro, contou que chegou a ser procurado por Tormes e Dórea, que teriam pedido para ele interromper as investigações — o que levanta suspeitas de tentativa de obstrução de justiça.
A operação
A ação foi conduzida por equipes da Coordenação de Recursos Especiais (Core). Durante a madrugada chuvosa, os agentes caminharam por uma área de mata até encontrarem um tonel escondido, recheado de armas, munições e drogas. Todo o material foi colocado no porta-malas de uma viatura do Core, mas nenhum policial soube confirmar o número exato de fuzis apreendidos.
Até o momento, a defesa do delegado Nilton Tormes não foi localizada. O espaço segue aberto para que ele se manifeste.
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