A frase é repetida de geração em geração: se veio da natureza, não traz riscos. Mas essa crença pode ser uma das mais perigosas para a saúde. Um exemplo emblemático é o confrei (Symphytum officinale), muito usado na forma de chá no Brasil. Longe de ser inofensivo, ele já foi responsável por casos graves de hepatite fulminante, cirrose e até pela necessidade de transplante de fígado em pessoas jovens e saudáveis.
O que torna o confrei tão perigoso?
O problema está nos alcaloides pirrolizidínicos, substâncias naturalmente presentes na planta. Esses compostos destroem células do fígado de maneira silenciosa e progressiva. Os danos não surgem imediatamente: o efeito é acumulativo, como se pequenas doses de veneno fossem ingeridas diariamente. Quando os sintomas aparecem, muitas vezes já é tarde para reverter o quadro.
Para complicar, o confrei não aparece apenas com esse nome. Nos mercados e feiras, pode ser encontrado como língua de vaca, consólida, cura-tudo ou orelha de vaca. Em todos os casos, o risco é o mesmo.
Participe do nosso grupo de notícias no WhatsApp: 👉 Quero Participar 🔔
Proibições que muitos ainda desconhecem
O uso interno do confrei não é novidade para a ciência. Desde 1992, a Anvisa proibiu oficialmente a ingestão da planta no Brasil. Nos Estados Unidos, o FDA também impôs restrições severas ao consumo oral. Apesar disso, o confrei continua circulando em feiras populares e lojas de produtos naturais, muitas vezes vendido como calmante, cicatrizante ou até como “remédio para gastrite”.
O alerta médico
Segundo a médica Bruna Scalco, que tem divulgado alertas em suas redes sociais, a grande armadilha está justamente no efeito cumulativo.
“Os danos do confrei não aparecem de imediato. Eles vão se somando no fígado como um veneno gota a gota”, explica.
Sintomas como náusea, coceira na pele, urina escura e olhos amarelados são sinais clássicos de intoxicação hepática, mas dificilmente são associados, pelo paciente, ao chá consumido diariamente.
Outras plantas que também oferecem risco
O confrei não é um caso isolado. Especialistas alertam que outras ervas, quando consumidas sem orientação, podem causar sérios problemas no fígado, entre elas:
- Chaparral
- Kava-kava
- Chapéu-de-couro
- Erva-de-Santa-Maria
A ideia de que todo chá é benéfico pode ser enganosa. Muitas vezes, a diferença entre o remédio e o veneno está na dose, na frequência de consumo e no preparo.
Alternativas seguras e protetoras
A boa notícia é que a natureza também oferece plantas com efeito hepatoprotetor comprovado. Entre elas:
- Cardo-mariano (silimarina): protege as células do fígado contra toxinas.
- Boldo-do-Chile: auxilia na digestão e favorece a eliminação de substâncias nocivas.
Ainda assim, é essencial seguir recomendações de preparo: infusões não devem ultrapassar dez minutos de fervura e o uso contínuo não deve exceder 30 dias sem pausa. Mesmo plantas consideradas seguras podem se tornar tóxicas em excesso.
Sinais de alerta: quando procurar ajuda
O fígado pode estar sofrendo em silêncio. Identificar os primeiros sinais é crucial para buscar atendimento médico a tempo. Entre os sintomas de lesão hepática estão:
- Náuseas e vômitos frequentes
- Cansaço extremo sem causa aparente
- Coceira na pele sem alergia identificada
- Urina escura
- Fezes muito claras
- Pele e olhos amarelados (icterícia)
- Inchaço abdominal
Ignorar esses sinais pode agravar o quadro e acelerar a necessidade de um transplante.
O mito de que “natural não faz mal” precisa ser combatido com informação clara e acessível. O confrei é apenas um exemplo de como o uso indiscriminado de plantas pode trazer consequências graves e irreversíveis. Antes de adotar qualquer chá ou erva como tratamento, é fundamental consultar um profissional de saúde. Afinal, no equilíbrio entre tradição e ciência está a verdadeira segurança.
o?
Compartilhe
📱 Participe do nosso grupo no WhatsApp e receba as notícias em tempo real:
Grupo do WhatsApp📸 Não perca nenhuma atualização! Siga-nos no Instagram:
Coruja News no Instagram