Mesmo preso há quase três décadas, Márcio dos Santos Nepomuceno, conhecido como Marcinho VP, segue sendo reverenciado por integrantes do Comando Vermelho (CV). Na madrugada desta terça-feira (1º/4), data em que o traficante completou 49 anos, criminosos ligados à facção comemoraram com disparos de fuzil e rojões nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro.
Uma “tradição” nas favelas dominadas pelo CV
Para quem vive nessas comunidades, a data já é conhecida. Desde os tempos anteriores ao processo de pacificação, o aniversário de Marcinho VP é motivo para demonstrações de força da facção. Há cerca de 20 anos, antes da ocupação policial no Alemão, as celebrações se estendiam por vários dias, com bailes e consumo de drogas liberado.
Atualmente, os atos ocorrem de forma mais discreta, mas ainda assim assustam os moradores. Os tiros para o alto, além de servirem como um “aviso” do poder do grupo, também reforçam o respeito e a lealdade entre os integrantes da organização criminosa.
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O comando do tráfico mesmo atrás das grades
Desde 1996, Marcinho VP está preso e já passou por diversas unidades prisionais de segurança máxima. Seu histórico inclui transferências para presídios federais em diferentes estados para tentar enfraquecer sua influência sobre o tráfico no Rio de Janeiro. Atualmente, ele cumpre pena na Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), após passar um período no presídio de Mossoró (RN).
Condenado a 48 anos de prisão, ele responde por tráfico de drogas e por orquestrar homicídios mesmo estando preso. Apesar da tentativa do sistema penitenciário de isolá-lo, investigações apontam que Marcinho ainda mantém contato com o crime organizado, utilizando intermediários para dar ordens aos comparsas em liberdade.
A luta judicial por visitas íntimas
Além das disputas dentro do mundo do crime, Marcinho VP também protagonizou embates no campo jurídico. Em 2019, sua defesa alegou que ele estava sem contato íntimo há anos, argumentando que a restrição de visitas em presídios federais feria seus direitos.
Os advogados do traficante apresentaram um mandado de segurança ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para contestar a portaria do então Ministério da Justiça e Segurança Pública, assinada por Sergio Moro, que proibia visitas com contato físico nos presídios de segurança máxima.
No pedido, os advogados enfatizaram que Marcinho era casado há 23 anos e estava em “abstinência sexual forçada” desde 2017, sem perspectiva de reverter a situação. No entanto, a solicitação foi rejeitada pelo ministro do STJ Gurgel de Faria, que negou o recurso sem sequer entrar no mérito dos argumentos da defesa.
Mesmo com a negativa, os advogados de Marcinho recorreram da decisão, tentando garantir que ele pudesse receber visitas íntimas novamente. O processo segue em tramitação.
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